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O Senhor de Matosinhos

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O SENHOR DE MATOSINHOS

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HISTÓRIA E LENDA

Em primeiro lugar, esclareçamos conceitos.

 Como nos diz Artur Filipe dos Santos em - O Senhor de Matosinhos: Entre a Fé e a Lenda, Draft Worldmagazine: «A grande diferença entre o mito e a lenda é que o mito surge sempre como forma de explicação para os fenómenos que a Humanidade, ao longo da sua história e sobretudo em períodos de maiores trevas culturais, não conseguiu perceber; já a lenda tem sempre um fundo de verdade, isto é, personagens históricas que realmente existiram, lugares, eventos fantasiados que ao longo dos tempos se foram, como diz o provérbio, “aumentando” pontos».

Agora, tenhamos em conta ao que se escreve nas 17 Histórias baseadas em Lendas e Narrativas da Área Metropolitana do Porto, a páginas 20 e seguintes – O braço do Senhor de Matosinhos:

02.- 17 Histórias baseadas em Lendas e Narrativas

«Estamos na Palestina no ano de 33. Depois da crucificação, José de Arimateia e Nicodemos retiram Jesus da cruz. Depositam-no num túmulo escavado na rocha depois de lhe envolver o corpo com ligaduras de linho, perfumadas de mirra e aloé. José de Arimateia guarda consigo o cálice da última ceia, o Santo Graal, enquanto que Nicodemos guarda o Santo Sudário, o tecido que envolveu Jesus após a sua crucificação e no qual ficou reproduzido em sangue e suor todo o seu corpo, incluindo o rosto.

Nicodemos ficou muito impressionado com a expressão de Jesus. Não a querendo esquecer, e sendo bastante dotado para o trabalho manual, começa a esculpir em madeira uma imagem de Cristo crucificado, usando como modelo a imagem perpetuada no Sudário. É uma escultura em tamanho natural que demora bastante tempo a criar, com Nicodemos a esforçar-se por reproduzir todos os detalhes do corpo e expressão de Jesus. Deixa o rosto para o fim, mas quando termina a escultura Nicodemos sente-se insatisfeito com o resultado. Acha que algo lhe escapou da expressão que pretendia captar. Percebe também que é perigoso mantê-la consigo. Não tendo coragem de a destruir, fica sem saber o que fazer com ela, acabando por decidir durante a noite lançá-la ao mar Mediterrâneo.

 Nicodemos não encontra descanso, continuando com a memória da expressão que tentou captar em madeira e não conseguiu. Acaba por decidir-se a tentar de novo e começa a esculpir uma nova escultura. Esta mais uma vez demora muito tempo a criar, com Nicodemos na fase final a tentar esculpir com minúcia quer aquilo que estava marcado no Sudário quer aquilo de que se lembrava. Acaba por ter de dar a escultura por terminada, mas o mesmo sentimento de insatisfação permanece. Por isso resolve confiá-la também às águas do Mediterrâneo.

Os anos vão passando com Nicodemos a tentar infrutiferamente reproduzir a última expressão de Jesus nas esculturas que cria e que quando terminadas lança ao mar. Acaba por perder a conta de quantas fez, mas não desiste. Sente que se está a aproximar lentamente da essência da expressão. Por fim uma noite sente que sabe o que tem de fazer e com a impaciência que o agita resolve começar a esculpir o rosto antes de terminar o corpo. Trabalha a noite toda e pouco antes do raiar do dia tem nas suas mãos um rosto finamente esculpido com exatamente a expressão que pretendia. Mas nem tem tempo de se alegrar, nesse momento um amigo vem avisá-lo de que um destacamento de romanos o vem prender. Sem saber o que fazer, querendo a todo o custo proteger a escultura que por fim tinha conseguido concretizar e sabendo que não tem tempo para esculpir o braço em falta resolve cortá-la pelo ombro do resto do tronco de madeira de onde a estava a esculpir. A escultura tem as costas escavadas e côncavas e Nicodemos ainda tem tempo de esconder no seu interior os instrumentos que usou para a esculpir: tenaz, cravos, martelo, que não eram nem mais nem menos do que alguns dos instrumentos da Paixão e Morte de Jesus. Com a ajuda do amigo lançam a escultura à água. Preparava-se para fugir quando chegam os romanos que o acusam de sedição e o levam preso. Nicodemos é colocado numa cela à beira do Mediterrâneo. Acaba por conseguir subornar um dos guardas para que lhe arranje um bloco de madeira. Usando uma pedra e infinita paciência esculpe de memória o braço em falta, atira-o para o mar através da pequena janela, dando-lhe a indicação de se juntar ao resto da escultura.

As esculturas lançadas ao mar ao longo dos anos navegam ao sabor dos ventos, ondas e tempestades. A primeira aporta a Berito na Síria (atual Beirute no Líbano), a segunda a Luca em Itália, a terceira a Burgos em Espanha, a quarta a Orense na Galiza, a quinta a Arenas em Málaga. Outras aportam a paragens mais distantes ou são engolidas por monstros marinhos. Mas a última, aquela a que lhe falta um braço, a mais bela e perfeita e a que melhor reproduzia a efígie de Cristo cruza o estreito de Gibraltar, sulca o Atlântico, e acaba por em 3 de maio de 124 aportar na praia do Espinheiro junto ao lugar de Matosinhos, no dia do Espírito Santo ou Pentecostes. A população da zona era cristã, em consequência de uma festa de casamento ocorrida 80 anos antes.

Voltemos um pouco atrás. Tudo começou quando em 44 o apóstolo Santiago regressou à Palestina após ter estado a pregar no noroeste da Península Ibérica, o local mais afastado do mundo então conhecido. Mal chega à Palestina é capturado por Herodes Agripa que de imediato o manda decapitar. Alguns dos seus seguidores recuperam o corpo e decidem transportá-lo por mar para repousar na sua área de evangelização. A embarcação apanha ventos favoráveis e em 7 dias já atravessou o Mediterrâneo, entrou no Atlântico e está a passar ao largo da praia do Espinheiro no lugar de Bouças (designação até ao início do século �� do atual concelho de Matosinhos). Ora acontece que Cayo Carpo, grande senhor romano da região, tinha exatamente escolhido essa praia pela sua vastidão e largueza para festejar a sua festa de casamento. Durante as festividades o noivo desafia os restantes cavaleiros para uma corri da invulgar: venceria aquele que penetrasse mais longe mar adentro. Rapidamente Cayo Carpo se destaca dos restantes competidores, para sua grande surpresa o seu cavalo avança sobre as águas sem se afundar, a sua montada atraída pelo barco que transporta o corpo do apóstolo Santiago. Chegado ao barco a tripulação explica-lhe que são cristãos e que estão a levar o corpo do apóstolo para Iria Flavia na Galiza onde o pretendem enterrar num bosque onde Santiago gostava muito de meditar, bosque esse que mais tarde será chamado de Compostela. Perante o milagre do seu cavalo ter conseguido caminhar sobre a água, e ouvindo as explicações e os ensinamentos dos tripulantes do barco, Cayo Carpo converte-se de imediato ao cristianismo. Explicam-lhe que terá de ser batizado e que para isso terá de mergulhar. Ele assim faz e juntamente com o cavalo mergulha no mar enquanto a embarcação segue caminho. De terra todos o vêm desaparecer e a noiva fica inconsolável julgando-o afogado. Eis quando de repente aparece de novo, ele e o cavalo cobertos de conchas vieiras. Por causa disso passam a chamá-lo de “matizadinho” (matizado de vieiras) e a praia muda de nome para ser a praia do matizadinho (muitos séculos mais tarde virá a ser a praia de Matosinhos). Os que o viram chegar são e salvo perante caso tão espantoso e nunca visto resolvem converter-se também ao cristianismo.

Voltando a 3 de maio de 124, quando a escultura chega à praia e é recolhida todos ficam espantados com a sua beleza, mas vendo que lhe falta um braço, procuram-no na praia nesse dia e seguintes, mas ele não aparece. Resolvem então mandar fazer um braço aos melhores artífices e carpinteiros. Fizeram várias tentativas, mas nenhum braço encaixava de forma perfeita no ombro amputado, para além de destoarem demasiado face ao outro braço. Acabam por desistir e deixar a escultura sem braço, guardando-a no Mosteiro de Bouças e passando a chamá-la de Bom Jesus.

Entretanto o braço não parou de navegar, procurando em vão por sinais da escultura a que pertencia. Encontrou algumas das outras, mas todas possuíam ambos os braços. Navegou durante mais de uma centena de anos, até que um dia resolveu descansar e recuperar forças na praia de Matosinhos. Estávamos em 174, deambulando pela praia uma mulher que estava a recolher lenha para a lareira apanha o braço. Regressando a casa coloca-o na lareira juntamente com a restante lenha, mas de imediato o braço com um estoiro salta para fora. Ela volta a colocá-lo na lareira e ele volta a saltar. Nesse momento a f ilha, que era muda de nascença, começa de repente a falar. Em voz entrecortada diz que é o braço perdido do Bom Jesus guardado no Mosteiro de Bouças.

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Assustada com o milagre da filha começar a falar a mulher consegue, no entanto, arranjar coragem para embrulhar o braço num tecido e ir de imediato acompanhada da filha a Bouças. Os monges ouvindo a história, ao princípio, ficam incrédulos, mas resolvem experimentar e o braço encaixa perfeitamente, de tal forma que depois de colado deixa de se poder distinguir qual era o braço em falta.

Passam-se muitos séculos. Em 1559, com o mosteiro já em ruínas e a igreja de Bouças em completa decadência os habitantes decidem construir um novo templo que condignamente albergasse a imagem do Bom Jesus. Para decidir o local a imagem do Bom Jesus é colocada no dorso de um burro e o animal é colocado em marcha em direção a Matosinhos, isto porque Matosinhos estando junto ao mar e à foz do rio Leça, crescia de importância e dimensão pelo que os habitantes acharam que era melhor criar a nova igreja perto desse lugar. O burro começa a andar e acaba por parar num local perto de Matosinhos, se bem que ainda afastado da povoação. Obedecendo ao burro aí se começa a construir a igreja do Bom Jesus de Matosinhos. O prazo previsto eram quatro anos, acabaria por demorar vinte, nela está guardada a escultura a que agora se chama Nosso Senhor de Matosinhos.

***

Tenhamos agora em atenção o que Joel Cleto nos diz em - Nicodemos e o Senhor de Matosinhos – emergências de um mito europeu? - em Joel CLETO - Nicodemos e o Senhor de Matosinhos – emergências de um mito europeu? In V. O. JORGE & J. M. C. MACEDO (Orgs.), Crenças, Religiões e Poderes. Dos Indivíduos às Sociabilidades. Porto: Afrontamento, 2008. (col. “Biblioteca das Ciências Sociais/Antropologia; 13), p. 385-392. 

«Nos finais do século XI surge uma lenda que irá varrer toda a Europa durante os séculos seguintes. Associada a romances de cavalaria e de amor cortês, tão característicos desta época, a emergência da história do Santo Graal, de que "Parsifal", de Chrétien de Troyes e de Wolfram von Eschenbach (já na transição do século XII para o XIII), é talvez o exemplo mais paradigmático, conhecerá, com efeito, uma celebridade e divulgação/dispersão verdadeiramente notáveis, contribuindo para que hoje seja considerada como "uma das maiores aventuras da imaginação ocidental" (…) e que continue, no presente, a influenciar muita da fantasia do ocidente (veja-se o recente e estrondoso sucesso comercial da obra de Dan Brown “O Código Da Vinci” ) e a alimentar imensas “seitas” esotéricas.

É associado à história de José de Arimateia (que segundo a lenda terá guardado o Santo Graal, o cálice da Última Ceia) que, desde cedo, ainda durante o século XII e no seguinte, terá surgido também a figura, igualmente bíblica, de Nicodemos (…). O facto de ambos terem sido os últimos homens a ter contacto com o corpo de Cristo, fez com que Nicodemos tenha sido, segundo os seus hagiógrafos, um privilegiado possuidor e "fazedor" de relíquias. Tal característica fez mesmo com que lhe tenha sido atribuído um evangelho apócrifo (o "Evangelho de Nicodemos") que narra de forma detalhada as suas atividades desde a Paixão à Ressurreição de Cristo.

Não obstante a ligação de Nicodemos, desde o século XII, a José de Arimateia e à lenda do Graal, a tradição que o identificava como escultor em madeira e autor de imagens de Cristo era, contudo, na Europa ocidental, mais antiga. E a sua associação a relíquias, nomeadamente representações artísticas de Jesus (inicialmente apenas em ícones e pinturas), está já documentada, (…) pelo menos desde o século IX.

Numa época em que as relíquias, principalmente as que se relacionam de um modo direto com a Paixão de Cristo, são cada vez mais valiosas e se iniciam as "demandas" em sua busca, em associação com o espírito das Cruzadas, facilmente se perceberá da celebridade e divulgação que, desde o século XII, conhecerão estas lendas e as relíquias que lhes estão associadas. E, do mesmo modo, se perceberá como um pouco por toda a bacia do Mediterrâneo ocidental nos surjam imagens e lendas atribuídas e relacionadas com Nicodemos. A própria versão da lenda da Imagem do Bom Jesus de Matosinhos fala-nos de quatro outras imagens "irmãs", efetivamente existentes, em Ourense e Burgos, em Espanha; Luca, na Itália; e ainda de uma outra presumivelmente oriunda de Berito na Síria   a atual Beirute, no Líbano. Contudo, (…) conhecem-se vários outros exemplos de famosas e lendárias imagens associadas a Nicodemos.

Este fundo lendário, e as suas origens temporais, são, obviamente, fatores a ter em conta quando, como é o nosso caso, se estuda e pretende datar a Imagem e a própria lenda do Senhor de Matosinhos. Tanto mais que está bem documentada a popularidade que estas lendas possuíram em Portugal desde o século XII ao XIV – o período que (…) coincide muito presumivelmente com o surgimento desta Imagem em Matosinhos».

Ainda de acordo com Joel Cleto, falando da lenda, diz que a imagem «foi esculpida por Nicodemos que, fugindo aos judeus, a lançou ao mar. Cruzado o Mediterrâneo, ultrapassado o estreito de Gibraltar, e após penetrar no Atlântico, foi encontrada na praia do Espinheiro, atual praia de Matosinhos, sem um braço, tendo sido recolhida no Mosteiro de Bouças. Anos depois uma mulher, que apanhava lenha para casa, encontrou um madeiro que não ardia quando lançado ao fogo e que se verificou posteriormente ser o braço da Imagem.

A imagem do Bom Senhor de Matosinhos está localizada no altar-mor da igreja de Matosinhos. É ladeada por representações de Nicodemos e de José da Arimateia.

A devoção a esta imagem, associada a múltiplos milagres, é muito antiga, havendo provas documentais de peregrinos ao Santo Crucifixo de Bouças (sua designação primitiva) já na primeira metade do século XIV, devendo a imagem datar, pelo menos, do século anterior. Trata-se, de resto, de uma imagem da transição do românico para o gótico e é, muito provavelmente, a mais antiga escultura existente em Portugal de um “Cristo-majestade».

***

DATAÇÃO DA IMAGEM DO BOM JESUS DE MATOSINHOS

Continua aquele autor, acima citado: «Muitos argumentos culturais, históricos e arqueológicos, contrários às recuadas datações propostas pelas narrativas populares e lendárias, poderiam ser aqui evocados. É, no entanto, a idade da própria imagem do Bom Jesus de Matosinhos o argumento mais definitivo já que, de facto, ela não pode ser tão antiga quanto aponta a tradição. Os cristãos dos primeiros séculos (supostamente contemporâneos daqueles que recolheram a imagem na praia de Matosinhos) utilizavam como símbolo da sua Fé e como forma de clandestinamente se identificarem entre si, o desenho estilizado de um peixe. Só posteriormente, e de uma forma paulatina, irão adotar a cruz. Mas foi apenas a partir do século X que, iconograficamente, a Igreja Católica evolui da cruz nua para o crucifixo, isto é, para a veneração do corpo de Cristo pregado sobre a cruz.

Assim, a imagem de Matosinhos não deixa de seguir estas linhas evolutivas e é, obviamente, posterior ao século X. Só que...

Embora a imagem não possua a ancestralidade que a lenda lhe atribui, não deixa de ser, nas palavras do estudioso Pinto Ferreira, “sem dúvida, uma das mais impressionantes, mais belas e possivelmente a mais antiga existente em Portugal”».

Este autor, à semelhança de vários outros investigadores, não tem dúvidas em a colocar entre o grupo das mais antigas existentes em toda a Península Ibérica datando a dos finais do século XII ou princípios do XIII. Deste modo é uma verdadeira relíquia a imagem que podemos contemplar no interior da igreja de Matosinhos.

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«E é mesmo necessário ir observá‐la no interior do templo pois, ao contrário do que muita gente pensa, a imagem não sai em procissão na Páscoa nem mesmo nas festas que lhe são dedicadas anualmente. Passam‐se décadas sem que ela venha ao exterior. Serve de exemplo a atualidade, já que as suas duas últimas e extraordinárias saídas em procissão datam de 1944 (para em plena 2ª Guerra Mundial implorar pela Paz no Mundo) e 1967 (para assinalar o cinquentenário das aparições de Fátima)».

 

A IGREJA DO SENHOR DE MATOSINHOS

Pregada numa monumental cruz de madeira, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos possui cerca de dois metros de altura e toda ela está talhada em madeira, incluindo os cabelos, barba e panos que cobrem Cristo. Guardada e exposta na igreja paroquial de Matosinhos, a imagem foi para aí transferida desde que este templo foi edificado, na segunda metade do século XVI, na sequência da ruína e fecho da velha igreja de Bouças, que se localizava a algumas centenas de metros de distância.

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A nova igreja continuou, no entanto, a ser objeto de sucessivas e posteriores intervenções, devendo‐se salientar as do período barroco, no século XVIII, nomeadamente o notável revestimento em talha dourada de toda a capela‐mor e a edificação de uma nova fachada, da autoria do famoso arquiteto italiano Nicolau Nasoni.

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E assim para quem, na atualidade, penetra na igreja de Matosinhos,

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é difícil acreditar que a imagem seja muito mais antiga do que tudo o que a envolve. Isto porque a belíssima talha dourada que recobre o altar‐mor

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(aí colocada em 1733 e hoje considerada uma das obras‐primas em talha dourada do barroco nacional).

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(Pormenor I)

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(Pormenor II)

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(Pormenor III)

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(Perspetiva desde o altar-mor até à fachada da entrada principal e coro alto)

quase ofusca a imagem que, ainda por cima, foi objeto nessa época de algumas “intervenções” que, simultaneamente à colocação no altar de tão imponente e rica talha, procuraram “enriquecer” aquela que passava a ser uma velha, nua e pobre imagem.

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Assim, a singularidade da imagem e muito do seu trabalho original, esculpido diretamente na madeira, foi então obscurecido pela colocação sobre a cabeça da imagem de uma cabeleira artificial e de uma auréola de prata, cravejada de pedras preciosas, que ainda hoje não deixam contemplar na globalidade o rosto.

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«Já o “colobium”, ou pano da pureza, também ele esculpido diretamente na madeira da imagem, é hoje observável. Mas só desde há muito pouco tempo. Porque até há bem poucos anos também um saiote em seda, bordado a ouro, supostamente “enriquecia” a imagem, retirando‐lhe a sua autenticidade e riqueza original.

Mas, se num primeiro contacto a imagem não nos parece muito antiga, uma visão mais cuidada e aproximada não nos deixa dúvidas da sua recuada origem. Desde logo o facto dela se encontrar pregada com quatro cravos,

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ou seja, com os dois pés pregados separadamente e não sobrepostos como posteriormente se tornaria habitual neste tipo de representação. Por outro lado, embora o corpo do Cristo de Matosinhos descreva uma ligeira curva sinuosa ao nível das pernas, estamos ainda longe de uma linha pronunciadamente quebrada para dar a ideia das pernas fletidas pela dor ou pelo peso do corpo. Ora, uma das características das primeiras imagens de Cristo crucificado é exatamente o facto de serem representados direitos e hirtos ao longo do madeiro. Neste contexto é de salientar, no Bom Jesus de Matosinhos, a cabeça, bastante inclinada para a direita, sem dúvida um dos mais notáveis pormenores desta imagem.

A antiguidade do Senhor de Matosinhos parece ficar igualmente atestada por estarmos em presença de um Cristo significativamente “pudico”. O saiote cobre totalmente uma das pernas, enquanto a outra descobre apenas meio joelho, para evidenciar as feridas de Jesus. Enfim, uma imagem do tempo “em que toda a nudez será castigada”, bem distante de Cristos posteriores representados sem grandes preocupações com a exposição da nudez do corpo.

E, já que contempla a imagem do Bom Jesus, não deixe o visitante de contemplar as outras imagens que o rodeiam, nomeadamente as dos nossos já conhecidos Nicodemos e José de Arimateia. E não deixe, seguramente, de se surpreender com a imponência da talha dourada do altar‐mor, recentemente restaurada». 

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O ZIMBÓRIO DO SENHOR DO PADRÃO

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O que o Zimbório do Senhor do Padrão tem a ver com o Senhor de Matosinhos?

O "Senhor do Padrão" assinala o local onde, segundo a lenda local, terá dado à costa, no dia 3 de maio do ano 124, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos.

 No lugar onde a imagem foi encontrada, ergueu-se, no séc. XVIII, um zimbório conhecido por vários nomes: “Senhor do Padrão”, “Senhor da Areia” e ainda “Senhor do Espinheiro”, um monumento que ainda hoje pode ser apreciado.

Local certamente assinalado desde épocas remontas foi, no entanto, em data posterior a 1758 que se edificou o atual zimbório, conhecido também por "Senhor da Areia", uma vez que até ao início do século XX este monumento se encontrar totalmente isolado no meio de um vasto areal, possuindo, por isso, um forte impacto visual.

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(Fonte - O senhor de Matosinhos, captura de ecrã, adaptado)

Não obstante o “Senhor do Padrão” ter perdido, na sequência do desenvolvimento dos últimos 100 anos, muito do seu impacto visual, continua a ser uma importante referência para a cidade e para a comunidade piscatória.

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

Com efeito muita da devoção religiosa dos pescadores de Matosinhos e suas famílias materializa-se junto a este monumento, sendo disso exemplo o dia 1 de novembro quando o monumento se vê rodeado por milhares de velas que ardem em memória dos pescadores mortos no mar.

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Na elevada abóbada, guarnecida de oito pirâmides, que termina no seu vértice por uma Cruz, centro eleva-se a Imagem do Senhor Crucificado, sobre um altar revestido de azulejos.

Esta capela foi edificada em honra de um braço humano que se achou na areia naquele lugar, que dizem ter sido muito milagroso. O edifício tem no alto do seu arco virado a nascente uma pedra de armas com as cinco quinas em arranjo crucial.

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Para o seu crescimento e desenvolvimento contribuíram, sem qualquer dúvida, a "(...) importância das atividades ligadas ao mar no quotidiano de Matosinhos e o incremento das viagens de longo curso (...)" que desde a Idade Média se tornaram "(...) um elemento difusor do culto à imagem, a quem todos pediam socorro para os riscos que corria."

De monumentais dimensões, o Padrão do Bom Jesus de Matosinhos é constituído por um grande alpendre que alberga ao centro o cruzeiro.

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O alpendre, que recria o gosto das entradas régias seiscentistas, é composto por quatro arcos de volta perfeita colossais, emoldurados por pilares e rematados no fecho por cartela com coroa. Um frontão semicircular com fogaréu coroa cada uma destas faces.

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A estrutura é fechada por zimbório com lanternim, coberto internamente por reboco pintado, e cujas faces exteriores são revestidas por azulejos.

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

Ao centro, sobre um soco de três degraus, assenta o cruzeiro de braços quadrados, revestido a azulejos policromos numa das faces, em que se representa a imagem de Cristo.

Defronte foi edificada uma mesa de altar, também forrada com painéis de azulejo, simulando tecido. Junto à estrutura do alpendre, num nível mais baixo do terreno, foi erigido um fontanário de espaldar em granito, protegido por guarda de ferro, que recria o modelo estrutural e decorativo do padrão, decorado com azulejos.

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No seu interior ainda se podem admirar nos seus quatro pilares as esculturas dos quatro Evangelistas.

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Esses quatro pilares ou arcos suportam a meio, superiormente o escudo dos primeiros reis de Portugal.

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Descendo dois degraus,

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

encontra-se a fonte milagrosa de água doce, descoberta em 1733, lavrada em cantaria,

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com quatro faces e em cada uma delas uma inscrição latina, tirada dos Santos.

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A ROMARIA (FESTA E FEIRA) DO SENHOR DE MATOSINHOS

É uma das maiores celebrações religiosas do norte de Portugal, com eco por toda a área metropolitana da cidade do Porto.

Celebrada 50 dias após a Páscoa, a Festa do Senhor de Matosinhos é hoje uma das maiores e mais emblemáticas festas populares de Portugal.

Durante vários dias, a cidade transforma-se num espaço de romaria e celebração coletiva, onde a fé e a tradição se cruzam com o espírito festivo e onde não faltam comes e bebes, concertos e até uma bem-dotada feira de artesanato e produtos tradicionais.

Pontos altos da celebração são a noite do fogo-de-artifício monumental e a procissão solene, que percorre as principais artérias da cidade. É o culminar das evocações religiosas, reunindo milhares de fiéis e curiosos, acompanhada por bandas filarmónicas, figurantes e carros alegóricos imersos em flores. Particularmente bela é a tradição dos ramos de flores que adornam os altares da igreja barroca oitocentista (que teve mão do célebre arquiteto italiano Nicolau Nasoni) e os tapetes de pétalas que embelezam o percurso da procissão.

De origem ancestral, esta prática remonta às antigas romarias, quando os devotos cumpriam promessas depositando ex-votos, flores e ramos no templo do Senhor Bom Jesus de Bouças.

***

Não desejávamos acabar este post sem referir os seguintes trabalhos, que vivamente recomendamos, para visualização:

  • O primeiro refere-se ao O senhor de Matosinhos, RTP Memória, Horizontes da Memória, de José Hermano Saraiva

É sempre com enorme prazer que visualizamos os programas de História deste, que foi, um extraordinário comunicador.

Nesta peça podemos nos inteirar sobre: Mapa hidrográfico da região do Douro; O Rio Leça; ponte; águas visivelmente poluídas; fotografias antigas a preto e branco do Rio Leça; comboio de mercadorias atravessa a ponte sobre o Rio Leça; castro de Guifões; escavações arqueológicas; vestígios romanos; fotografias antigas a preto e branco do Estuário do Rio Leça; vista aérea do Estuário do Rio Leça; Leça e Matosinhos; mar revolto; fotografia de rochedos que deram origem ao nome do porto de Leixões; mapa do porto de Leixões; porto de leixões; fotografia antiga do porto de Leixões; traineira entra na barra; fotografia antiga a preto e branco de um barco rabelo; doca; navio de carga entra na barra; rebocador; armazéns circundantes; Referência a Cangonhas, Brasil e às peças em talha esculpidas pelo Aleijadinho, escultor brasileiro de origem portuguesa; fachada da Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos; sala do museu a funcionar; exposição de miniaturas de navios antigos; exposição de cartas com pedidos e promessas dos portugueses que procuraram fortuna no Brasil, dirigidas ao Bom Jesus de Matosinhos e cujas dádivas ajudaram à construção do santuário; cartas de amor; pintura representando os sobreviventes do naufrágio da corveta Cabo da Boa Esperança; quadro com figuras da sociedade brasileira, entre as quais um descendente do falecido advogado Salgado Zenha; pintura representando um casal idoso emigrantes no Brasil; fachada da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos; interior; capela-mor; pormenores do altar e do teto; via-sacra em talha; Jesus Cristo crucificado, em talha.

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(Fonte: - O senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

  • Bom Jesus de Matosinhos: "a mais antiga imagem existente em Portugal de um Cristo crucificado ainda objeto de devoção", Joel Cleto, Porto Canal

No interior da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, Joel Cleto conta que as festas do Senhor de Matosinhos são das "maiores romarias do nosso país" e também das mais devotas. Conta que "a igreja atual data do século XVI" mas que antes deste templo existia outro localizado no lugar de Bouças e como tal, "durante muito tempo esta imagem era conhecida como o Senhor de Bouças". O historiador afirma ainda que a imagem do Bom Jesus de Matosinhos é "a mais antiga imagem existente em Portugal de um Cristo crucificado ainda objeto de devoção".

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Começa pela Romaria do Bom Jesus de Matosinhos; fala do Mosteiro de Bouças e da cruz do Cristo crucificado; do Jardim Basílio Teles; do mercado de gado, agora espaço da feira da loiça da Romaria de O Senhor de Matosinhos; do edifício da Câmara municipal de Matosinhos e do trabalho de Cutileiro na sua fachada, onde nos aparece o cavaleiro Cayo Carpo, abordando-nos o Caminho de Santiago que por aqui passa; fala-nos ainda como surgiu a imagem de O Senhor de Matosinhos, na praia de Matosinhos; do Zimbório de O Senhor do Padrão; do 3 de maio de 124, dia da Santa Cruz; do Parque de Diversões 25 de Abril (1996 e 2016) e do extenso painel de azulejos, da autoria de José Emídio, que nos relata os mais importantes episódios históricos e lendários de Matosinhos; da história da Igreja de Matosinhos, uma das melhores peças, senão a melhor, peça barroca portuguesa; do papel dos emigrantes brasileiros «torna-viagens» na Igreja de O Senhor de Matosinhos; do trabalho nas árvores dos alunos da Misericórdia de Matosinhos;

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

fala-nos da origem da Feira de O Senhor de Matosinhos;

Aqui se fala de: Igreja do Bom Jesus de Matosinhos; da doação à Universidade de Coimbra; de João de Ruão e Tomé Velho; do retábulo; de Nicolau Nasoni; da fachada; da talha-dourada; da imagem do Bom Jesus; do retábulo e do órgão de Michael Hensberg.

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

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Mosteiro cisterciense do Divino Salvador, de Ferrreira de Pantón - Ribeira Sacra | Lugo

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RIBEIRA SACRA | LUGO

MOSTEIRO CISTERCIENSE DO DIVINO SALVADOR, DE FERREIRA DE PANTÓN

(2012)

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(Fonte:- Council of Pantón [Romanesque – Pantón])

Este Mosteiro é também conhecido como Mosteiro das Irmãs Bernardas, Mosteiro de São Salvador ou Mosteiro de Santa Maria, de Ferreira de Pantón.

Diz-nos Lúcia Blanco – À descoberta do património: o Mosteiro de Santa Maria de Ferreira de Pantón que visitar o único mosteiro de Ribeira Sacra que ainda preserva a sua vida religiosa «significa aproximar-se da própria histórias da arquitetura, pois, apesar de ter sido construído e renovado em diferentes fases, ainda conserva elementos de diferentes estilos arquitetónicos que marcam a beleza desta joia patrimonial».

O Mosteiro foi fundado no século X, como mosteiro dúplice (para homens e mulheres), pertencente à comunidade beneditina (Regra de São Bento), mas, posteriormente, passou para a Ordem Cisterciense de Castela, no século XII (ano 1175).

Vejamos o Mosteiro enquadrado no seu entorno.

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Como podemos verificar, o Mosteiro é cercado por um muro ou muralha.

Repartem no seu portal.

É ladeado por duas torres cilíndricas. No cimo de uma (a da esquerda), exibe-se uma escultura de São Salvador; na outra (a da direita), o brasão da Congregação de Castela; ao centro, uma cruz e o escudo de Cister (?).

A fachada do Mosteiro foi construída no século XVIII. Apesar do seu estilo barroco, nela se observa a simplicidade, de acordo com os princípios cistercienses.

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Um pormenor da porta de entrada.

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Encima a porta da entrada um escudo bem chamativo.

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E não há dúvidas quanto aos anos de construção deste edifício – 1728 e 1791, respetivamente.

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Vejamos agora uma perspetiva de parte do Mosteiro,

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onde nos aparece a Hospedaria do Mosteiro.

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Trata-se de uma hospedaria monástica com uma Escola de Oração.

Transcrevamos uma passagem das Irmãs Bernardas quanto a esta hospedaria e à sua Escola de Oração «que te ajudará a descobrir o silêncio, a oração, a meditação, a fraternidade, a liturgia, e uma luz no teu caminho que se chama A PALAVRA».

Este Mosteiro tem apenas um claustro.

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É do século XVI, renascentista. Se repararmos bem, o primeiro corpo do claustro é de pedra, mas o segundo é de madeira, conforme imagem que se mostra abaixo.

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Tem arcos de meio ponto. Numa das laterais do claustro está enterrada a viúva do conde de Monterroso, a condessa D. Fronilde, que ingressou no Mosteiro, como irmã, renunciando aos títulos. Foi a artífice da anexação do Mosteiro à Ordem de Cister, em 1175. Enterraram-na sem qualquer tipo de inscrição, pelo que, durante muitos anos, não se soube onde tinha sido enterrada.

E, agora, vamos até à Igreja românica do Mosteiro do Divino Salvador.

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Forma ângulo reto com a fachada do Mosteiro. Foi construída antes do Mosteiro. É a única parte que subsiste ao cenóbio primitivo.

Positivamente esta Igreja é um exemplar românico mais interessante da Ribeira Sacra.

É um templo de nave retangular que acaba numa abside semicircular.

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Repare-se nos cachorros desta abside. E atentemo-nos nos seus vão (janelas pequenas) com elementos zoomórficos e vegetais.

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(Vão I)

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(Vão II)

Bem assim com estes pormenores dos capitéis.

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(Pormenor I)

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(Pormenor II)

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(Pormenor III)

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(Pormenor IV)

Dirijamo-nos agora à capela-mor.

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Naturalmente que se parece com outras igrejas românicas. Tem, contudo, um pormenor. Nela repousam os restos mortais de Diego de Lemos e de seu filho.

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Procuremos saber quem foi Diego de Lemos.

E da revolta (ou revolução) irmandina.

A grande revolta (ou revolução) irmandina, iniciada na primavera de 1467, é um tema recorrente na historiografia galega.

Os efeitos negativos da peste e os maus anos agrícolas situados ao redor de 1456 e 1457 foram extraordinariamente difíceis para a Galiza daquele tempo, gerando uma série de conflitos e confrontos internos da nobreza, caracterizando a história galega de quatrocentos.

Carlos Barros, em  - Vivir sen señores. A conciencia antiseñorial na Baixa Idade Media galega, Universidade de Santiago de Compostela diz-nos que «na primavera insurrecional de 1467, já se tinha verificado a fusão da mentalidade de justiça geral com a consciência anti-senior dos dependentes: quando o discurso textual é a denúncia geral das queixas, os camponeses costumam acrescentar as rendas senhoriais aos males e prejuízos que a terra "nem sequer podia suportar"; quando o tema apresentado é abertamente a revisão dos impostos, os vassalos desqualificam-nas, dizendo que se trata de imposições novas e forçadas, ou seja, rendimentos contra a lei. Ao longo do século XV, as rendas e as queixas, os usos e os abusos, tornam-se indissociáveis, até mesmo intercambiáveis, no reino da Galiza: os abusos tornam-se usos, e os usos acabam por ser vistos como abusos».

Os vassalos da Galiza regressam ao regime de vassalagem, por volta de 1469, quer pela força, quer através de um acordo com o seu antigo senhor, mas nada será como antes. Mesmo aqueles que fizeram grandes concessões, como o Arcebispo Fonseca, ao celebrar um acordo com os revoltosos, terão sérias dificuldades em restabelecer a mentalidade vassálica.

Continua aquele autor: «O carácter abstrato e genérico do adversário social conduz à perceção consciente de uma classe senhorial na Galiza, que perde na prática – não tanto legalmente – o poder sobre os vassalos, entre 1467 e 1469».

E conclui: «Sem estudar tudo o que há de paixão, utopia, involuntário e inconsciente na rebelião, não podemos aspirar a compreender plenamente os acontecimentos de 1467-1469».

Por outro lado, Eduardo Prado de Guevara y Valdés, em -  A rebelion irmandiña de 1467. Conexións, feitos e documentos , escreve: À frente destas colunas, desde o início, encontravam-se algumas personagens de um certo credo, bem como muitos outros cavaleiros e nobres, para além de não poucas personagens conhecidas das aristocracias urbanas, cujos nomes foram registados nas fontes: Pedro Arias Aldao, Lope Pérez Mariño, Fernando de Romay, Álvaro de Angueira, Lope Pérez de Mendoza, Fernando Díaz Teixeiro, Sueiro Noguerol, Álvaro López de la Herrería, Lope da Somoza... No entanto, em muito pouco tempo, três deles alcançaram fama, chegando a ser reconhecidos como os líderes mais visíveis do movimento: o primeiro foi Alonso de Lanzós, que atuaria na área de Betanzos e no bispado de Mondoñedo, o segundo foi Pedro Osorio, que o faria na área de Compostela, e o terceiro foi Diego de Lemos, (negrito nosso) que atuaria nas terras do sul de Lugo e em Ourense. Nestes três casos, é fácil adivinhar que a razão da sua participação na revolta estava sobretudo nos seus rancores e desejos de vingança particulares, que naturalmente não se podem estender à generalidade dos cavaleiros e dos nobres que alinharam na revolta».

Positivamente, a rebelião ou revolução irmandina provocou uma verdadeira rutura da mentalidade vassálica, levando, com os Reis Católicos (Isabel e Fernando), ao aparecimento do Estado Central, contra os senhores feudais.

E não se pense, pelo que indagámos, que os nobres que entraram nesta contenda o fizeram com verdadeiro espírito irmandino: tinham contas a ajustar entre eles.

Verdadeiro irmandino foi o escrivão Juan Blanco, de Betanzos, o verdadeiro capitão da Irmandade.

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(Sepulcro de Diego de Lemos)

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(Pormenor da cabeceira)

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(Brasões da família Diego de Lemos)

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(Sepulcro do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

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(Pormenor I da cabeceira do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

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(Pormenor II da cabeceira do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

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(Coro)

O que muito apreciamos nesta Igreja são os seus capitéis com decorações vegetais e zoomórficas, contando uma história.

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(Pormenor I)

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(Pormenor II)

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(Pormenor III)

Não nos podemos despedir do Mosteiro de Ferreira de Pantón sem comprarmos os doces do Convento, feitos pelas monjas, proveniente de uma receitas já de séculos. Há que ir à loja e comprá-los. Sempre se dá uma ajuda para o Mosteiro. São bons, mesmo. Não fossem as monjas especialistas em doces.

Dizem que a Virgem com o Menino está na loja do Mosteiro, onde se vendem os doces. Quando restauraram este espaço deram com uns frescos – duas caras de guerreiros. Na altura que fizemos a visita – e já lá vai 2012 – não vimos este fresco, pois. Nem tão pouco a imagem da Virgem e o Menino, do século XII, princípios do século XIII. A que está na Igreja, na capela-mor, a Virgem com o Menino, em majestade, é de 1913, conforme inscrição no seu suporte.

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Out25

O Cruzeiro de Hío - O Cristo da Luz (A descida da Cruz) - Cangas do Morrazo | Galiza

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O CRUZEIRO DE HÍO

O CRISTO DA LUZ 

(A DESCIDA DE JESUS DA CRUZ)

CANGAS DO MORRAZO | GALIZA

- 09.outubro.2025 -

01.- 2025.- Cruzeiro de Hío (11)

Tínhamos combinado com o amigo Pablo Serrano que, de 9 a 10 de outubro do corrente mês, iríamos percorrer alguns pontos do território da península de Morrazo, na Galiza. Acompanhava-nos o nosso sempre companheiro de caminhadas, Florens.

Ficou decidido que, logo ao chegarmos, dirigíamo-nos até Hío, para ver o seu muito famoso cruzeiro, em frente à igreja de Santo André, do século XII; depois, até Donón, para fazermos uma caminhada pelos três faróis do Cabo Home; almoçávamos num restaurante de Donón, apreciando o peixe e o marisco, uma vez que estamos na época do festival do marisco; e assentávamos arraias na hospedaria do Mosteiro de São João de Poio. No Mosteiro de São João de Poio víamos a  sua Igreja e o Mosteiro; daqui, após uma pequena sesta, e completando o dia, no fim da tarde, dávamos uma passeio, deslocando-nos até Combarro para ver os seus tão falados cruzeiros e os seus espigueiros (hórreos).

Isto, para o nosso primeiro dia. No segundo, íamos até à Ilha Arousa, de manhã e, à tarde, deslocávamo-nos a Cambados, onde almoçaríamos e, depois, fazíamos uma pequena visita à capital do vinho Alvarinho.

O programa foi todo cumprido. Infelizmente, por questões de saúde, Pablo não nos pode acompanhar. Fomos apenas os dois – nós e Florens.

Como se disse, a nossa primeira pausa, vindos de Vila Real e Chaves, foi em Hío para ver e apreciar o seu maravilhoso cruzeiro.

Tudo quanto aqui se vai escrever sobre este tema do cruzeiro, fomos bebê-lo ao texto - Cruceiro de Hío, de Fernando Graña Monroy.

Falemos, pois, sobre este tema, se bem que também se aconselha a leitura dos seguintes artigos e respetivos autores, entre outros:

Para uma melhor visualização da base e da cruz deste cruzeiro, ver:

Santo André de Hío é uma das paróquias que compõem o concelho de Cangas; pertence ao arciprestado de O Morrazo e à diocese de Santiago. É limitada a norte e a oeste pelo Oceano Atlântico, a sul pela ria de Vigo e a leste pelas paróquias de Aldán e Darbo, ambas pertencentes ao concelho de Cangas.

É uma freguesia totalmente costeira, com inúmeras praias de areia, como Liméns, Barra, Areabrava, entre outras.

A Igreja oferece uma bela vista panorâmica do estuário do Aldán.

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Nas suas imediações, uma escultura representando a gaita de foles.

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O famoso "Cruceiro de Hío", obra do século XIX, destaca-se no seu átrio,

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defronte para a Igreja de Santo André, do século XII.

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Também próximo da igreja encontra-se a Residência Paroquial, um impressionante edifício palaciano que conserva interessantes anexos, incluindo o antigo pombal ou lavadouro.

Com a ajuda o Google Maps, localizemos, em Cangas do Morrazo, o Cruzeiro de Hío.

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Vejamos a localização do Cruzeiro, Igreja e Residência Paroquial no seu entorno.

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Bem assim o pombal da Residência Paroquial (Casa Rectoral).

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O CRUZEIRO DE HÍO

No adro da igreja paroquial de Hio encontra-se o complexo monumental composto pelo Cruzeiro.

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Estamos, sem dúvida, perante o monumento popular mais importante de toda a Galiza. Foi obra do mestre Inácio Cerviño, se bem que outros a atribuem ao mestre José Cerviño; todavia, a mais recente investigação, atribui a obra a Inácio.

Sabemos a data da sua construção, graças ao pequeno anjo no topo de uma coluna ao seu lado. O pergaminho que segura diz: "Esmola ao Santíssimo Cristo da Luz 1872". Esta foi a data em que o Cruzeiro foi inaugurado para celebrar a festa de Cristo.

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Um pormenor do pequeno anjo.

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O Cruzeiro ergue-se do solo com uma escadaria octogonal de três degraus,

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seguida de um altar sobre o qual assenta a estrutura principal da obra, composta por base, fuste e cruz.

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Cada um destes é feito de uma única pedra.

A base é composta por quatro nichos, orientados para os pontos cardeais. O da face sul mostra Eva a ser tentada com a maçã pela serpente.

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 Neste caso, pode ser interpretado como um princípio e um fim, pois se a cruz começa com o Pecado Original, termina, no topo, com a redenção desse pecado, através da morte do Filho de Deus na cruz.

O nicho virado a oeste é conjunto ao anterior e representa Adão no Paraíso.

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De seguida, vemos a cena em que Jesus, depois de morrer na cruz, vai ao Limbo buscar os Justos e conduzi-los ao Céu.

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Neste ponto, devemos prestar atenção à forma cinzelada das portas do Limbo. Olhando em direção à igreja, encontramos o quarto nicho,

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que representa a Virgem do Carmo como a redentora das almas do Purgatório. Se olharmos com atenção, a figura a quem ela estende a mão está a usar um barrete sacerdotal.

A parte inferior do fuste ostenta uma inscrição com um nome, que bem poderia ser o do Arcebispo de Santiago, e por baixo dela estão algumas letras, não legíveis para nós, que dizem: "concedeu cem dias de indulgência".

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O Arcebispo da época concedia cem dias de suave indulgência a quem recitasse um credo em frente do cruzeiro.

Subindo a coluna, encontramos Adão e Eva no momento da sua expulsão do Paraíso.

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É aconselhável observar estas imagens de perfil, pois estão presas à coluna vertebral apenas pelos pés. Assim, percebemos a qualidade da escultura dos corpos de ambas as figuras.

Acima do grupo anterior, está a Virgem Imaculada a derrotar a serpente,

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que personifica o mal. Esta devoção é representada com os seus símbolos habituais, feitos neste caso de metal: uma lua crescente e uma coroa com doze estrelas.

No topo, vemos o Arcanjo Rafael a segurar uma criança pela mão,

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representando a inocência salva do mal.

Do outro lado, vemos o Arcanjo Miguel,

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que, como é habitual, é simbolizado a lutar contra o Diabo.

Finalmente, abaixo do suporte que sustenta o conjunto final, encontram-se os quatro anjos que sustentam a cidade santa de Jerusalém.

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No topo da cruz, está representada a descida de Cristo da cruz.

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Esta é a parte mais importante do conjunto. De salientar como foi moldada aquela única rocha granítica trazida da região de Liméns. É importante parar para contemplar os detalhes das vestes e as proporções dos corpos, mas o aspeto mais importante é a expressão que o artista conseguiu dar às suas figuras.

Descrevendo a cena, vemos que Jesus está a ser descido da cruz por José de Arimateia e Nicodemos.

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Em baixo, São João segura-lhe os pés, enquanto Maria Madalena coloca as mãos sobre a cabeça e a Virgem Maria se ajoelha, olhando para as suas mãos, que presumimos que seguravam a coroa de espinhos.

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A cena é completada por dois querubins que seguram os pregos e o INRI.

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(Fonte: - Cruz do Hío, Patrimonio galego)

Apresenta-se mais um enquadramento final da cruz.

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A IGREJA DE HÍO

Encontrava-se fechada. Só podemos ver o seu exterior. De acordo com o autor que vimos citando, na igreja, em forma de cruz latina, existem duas partes distintas. A primeira, datada do século XII, é de estilo românico. Caracteriza-se pelas arquivoltas típicas da entrada, cujo tímpano apresenta um motivo cruciforme, claramente alusivo à forma da cruz onde faleceu Santo André, padroeiro da freguesia. Outra característica deste estilo é a decoração da cornija da igreja. Estas mísulas representam formas animais e vegetais e indicam a extensão da construção original; a cornija da extensão não possui estes elementos.

A segunda parte data de 1788 e estende-se desde o braço curto até à cabeceira. Podemos observar a diferença de estilo nas janelas: as da parte antiga são de vão, enquanto as restantes são grandes e retangulares.

Os contrafortes que se observam no exterior da igreja resultam da substituição do antigo telhado de madeira por um de pedra, o que obrigou ao reforço de toda a estrutura.

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Junto a um destes contrafortes, no lado norte, podemos ainda ver a antiga porta lateral do edifício românico, hoje murada e sobre a qual se conta uma belíssima lenda relacionada com o ciúme.

No seu interior, destacamos especialmente o seu altar-mor, construído integralmente em pedra policromada. Nele se encontram as figuras de Santo André, Santa Luzia, São José e São Roque.

No exterior. O exterior oferece uma ornamentação cuidada baseada em hastes planas e estilizadas, que se cruzam no topo e na extremidade, como as suas congéneres opostas, em espiral. As bases, bastante erodidas, são áticas, com um touro volumoso e garras nos cantos. O tímpano,

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decorado em relevo, assenta sobre duas ombreiras em forma de nave. A composição é centralizada por uma cruz em forma de X, uma clara alusão ao santo padroeiro do templo, ladeada por duas pequenas figuras humanas vestidas com túnicas curtas. Por cima da porta,

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encontra-se um nicho moderno que alberga uma imagem de Santo André, sobreposta a uma antiga janela inclinada. As fachadas laterais ostentam contrafortes, entre os quais se abrem as seteiras originais. Três conservam-se no lado norte, enquanto no lado sul, devido à colocação de uma porta com decoração barroca, apenas restam dois. Ambas as fachadas apresentam um interessante conjunto de mísulas com temas diversos e grande apelo artístico sob os seus beirais, que se encontram geralmente em bom estado de conservação.

Na zona este da igreja, podemos ver esta imagem esculpida.

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Apreciemos o seu pormenor.

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RESIDÊNCIA PAROQUIAL

Não se encontrou informação sobre a sua data de construção, mas o seu estilo sugere que se situa entre os séculos XVII e XVIII. É um exemplo claro das casas de campo onde viveram os nobres senhores, proprietários das terras em séculos passados. Na casa principal, destacamos a varanda em pedra numa das suas fachadas.

O acesso aos jardins é permitido. Ao entrar, notaremos que é presidido por uma figura com o mesmo rosto de São João encontrado no batistério da antiga Colegiada de Cangas.

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Isto porque foram interpretadas pelo mesmo artista, Ignacio Cerviño. Uma vez lá dentro, veremos um belo relógio de sol que estava originalmente colocado num dos lados da fachada da igreja. À esquerda, alguns restos de sarcófagos difíceis de datar. Um pouco mais adiante, encontramos uma magnífica fonte encomendada pelo Conde de Aldán, segundo a lenda latina nas suas paredes. Outros elementos interessantes incluem o celeiro e o pombal. Este último foi recentemente restaurado, pelo que recomendamos a sua visita através das videiras de Albariño localizadas no pomar.

 

COMENTÁRIO SOBRE O AUTOR DO CRUZEIRO, SEGUNDO FERNANDO GRAÑA MONROY

Ignacio Cerviño nasceu em Águas Santas, no município de Cotobade. Foi pedreiro desde muito jovem, como era comum na sua cidade natal, onde muitas pessoas se dedicavam tradicionalmente a este ofício. Durante a sua estadia nas nossas terras, viveu em Hío e Cangas. Durante este período, este pedreiro com alma de escultor deixou uma obra que todos podemos admirar hoje.

Entre as suas obras notáveis ​​estão: o Cruzeiro de Hío; o mausoléu localizado no átrio da Igreja de Aldán; o Panteão de Ranqueta, localizado no cemitério de Cangas; as estátuas encomendadas para a procissão do Santo Encontro pela Irmandade da Misericórdia (o Nazareno, São João, Maria Madalena, as Marias, etc.); a Descida de Cristo; a Mesa dos Apóstolos; e outras obras cuja autoria não se sabe ao certo.

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Set25

Mosteiro de Montederramo, a origem da designação Ribeira Sacra

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RIBEIRA SACRA | GALIZA

Mosteiro de Santa Maria de Montederramo

A origem da designação Ribeira Sacra

(Visita em 2012)

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O Mosteiro de Santa Maria de Montederramo é um mosteiro medieval possivelmente fundado no século X e que chegou a se tornar um dos mosteiros de maior poder econômico e social durante muitos anos na Galiza.

O primitivo mosteiro não se localizava na atual Montederramo, mas sim, perto do Leboreiro, na localidade de Seoane Vello, com o nome de San Juan, e pertencia à ordem beneditina.

Quanto à sua origem beneditina de observância primitiva, e com o título de San  Juan, a maior parte dos historiadores que escreveram sobre Montederramo atribuem o início da sua história ao documento fundador que data de 21 de agosto de 1124 e foi concedido em Allariz por Dona Teresa de Leão, mãe do futuro primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Neste documento, Dona Teresa concedeu ao chamado abade Arnaldo e aos monges beneditinos que com ele estavam, um local denominado Rivoira Sacrata (ou Roboira Sacrata) para fundar um mosteiro, indicando no referido documento o privilégio pelo qual os monges poderiam ir para outro lugar se considerassem mais confortável.

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A casa monástica embora date do século XII, foi, contudo, renovada e ampliada nos finais do século XVI e princípios do século XVII.

Para uma mais detalhada história deste Mosteiro e respetiva Igreja, aconselhamos a leitura da Wikipédia, entrada Mosteiro de Santa Maria de Montederramo

E atente-se na referência que se faz ao rei português D. Dinis quando ditava «ordem em favor do mosteiro em 1284, em relação à devolução de colheitas em Portugal levadas e pertencentes ao mosteiro», uma nítida alusão às posses que tinha no reino vizinho.

***

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Para ficarmos com uma ideia mais clara e precisa da Igreja e Mosteiro de Santa Maria de Montederramo, aconselhamos a visualização destes três vídeos:

EL ORIGEN DE A RIBEIRA SACRA (MONTEDERRAMO)
MONASTERIO DE SANTA MARIA DE MONTEDERRAMO e SANTA MARÍA DE MONTEDERRAMO,

estes dois últimos da Junta da Galiza.

A IGREJA

Datada de 1607, os planos da nova e atual igreja foram confiados a Juan de Tolosa, professor jesuíta, no final de 1597 ou início de 1598. A obra foi dirigida por Pedro de la Sierra. O resultado final é um belo templo de planta basílica em cruz latina, com três naves, no estilo austero e herreriano. A fachada é uma das grandes da arquitetura renascentista galega, muito sóbria, aliás como o resto da obra.

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No nicho

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pode-se ver a imagem em pedra da Virgem, atribuída a Alonso Martínez.

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(Pormenor)

No lado norte possui quatro contrafortes e dois mais na cabeceira lisa.

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Ao entrar, no interior, situa-se o coro alto,

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(Fonte: - SANTA MARÍA DE MONTEDERRAMO)

na entrada das naves.

O coro alto conserva apenas no seu lugar 21 tábuas. É uma obra exemplar.

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(Fonte: - SANTA MARÍA DE MONTEDERRAMO)

O resto das tábuas encontram-se no Museu Arqueológico Provincial de Ourense e em coleções privadas.

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(Fonte: - SANTA MARÍA DE MONTEDERRAMO)

(Uma outra perspetiva)

Nas tábuas dos sitiais representam-se cenas bíblicas e da história cisterciense. Foi finalizado por Ferro Couselo, em 1608, e é obra de Alonso Martínez, português de nascimento e auriense por ter desenvolvido grande parte da sua vida profissional na província de Ourense.

A construção do cruzeiro,

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(Cruzeiro exterior)

foi encomendada a Simão de Monastério

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(Cruzeiro interior)

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(Fonte: - SANTA MARÍA DE MONTEDERRAMO)

(Pormenor)

e foi executado por Pedro de la Sierra.

Bem assim a respetiva cabeceira, executadas entre 1620 e 1631.

O cruzeiro cobre-se com uma simples cúpula com lanterna apoiada sobre penachos lisos.

Cinco capelas laterais, com uma cobertura de abóbadas de meio canhão e arco de volta perfeito saem do cruzeiro.

11.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 066

(Duas das cinco capelas)

12.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 067

(Capela de São Bento?)

13.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 068

(Imagem do São Bento?)

A capela-mor compõe-se de dois trechos de grande profundeza.

14.- Captura de ecrã 2025-09-27 142930

(Fonte: - SANTA MARÍA DE MONTEDERRAMO)

É decorada com pilastras estriadas. A abóbada de meio canhão é decorada com artesãos e janelas com lunetas.

Mas o que nesta capela-mor se distingue mais é o seu retábulo.

15.- Captura de ecrã 2025-09-27 185606

(Fonte: - SANTA MARÍA DE MONTEDERRAMO)

Trata-se de um dos primeiros retábulos barrocos da Galiza.

Foio restaurado nos últimos tempos, depois de ter sido desmontado em 1953. É obra do escultor galego Mateo del Prado que esculpiu em madeira as cenas em alto-relevo, dedicadas ao Novo Testamento, integrando-as no conjunto estrutural realizado pelos escultores e entalhadores compostelenses Bernardo Cabrera e seu filho Juan.

Compõe-se de nove painéis que representam cenas da vida de Cristo nas ruas centrais, no segundo corpo a aparição da Virgem. Representam-se a Adoração dos pastores, a Adoração dos Reis Magos, Natividade ou a Piedade ou Assunção de Maria.

Vejamos os nove painéis, da esquerda para a direita e de baixo para alto.

16.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 039

(Painel I)

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(Painel II)

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(Painel III)

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(Painel IV)

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(Painel V)

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(Painel VI)

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(Painel VII)

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(Painel VIII)

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(Painel IX)

O fecho tem este remate, onde se podem ver os escudos provavelmente da direita, de Leão e Castela e da esquerda, da Ordem.

25.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 048

A imponência desta igreja, a harmonia dos seus claustros, o gosto barroco do cadeiral e o imponente retábulo que preside ao altar-mor fazem dela uma visita obrigatória no percurso dos mosteiros da Ribeira Sacra.

O CONVENTO

Destacamos apenas os seus dois claustros, a saber:

Claustro regular ou processional

26.- Captura de ecrã 2025-09-27 142349

O claustro regular ou processional terminou-se no século XVI. Combina elementos do gótico tardio do primeiro corpo com um segundo corpo com elementos renascentistas. Atualmente no primeiro corpo situa-se um colégio público de educação primária.

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O piso térreo cobre-se com abóbada em cruzaria com chaves decoradas. Cada um dos lados é composto por uma arcaria formada por vinte arcos de volta perfeita com tímpanos calados montados sobre um sistema de seis lóbulos. Na sua parte central apoiavam-se sobre mainéis hoje desaparecidos. Os arcos separam-se com contrafortes de perpianho rematados por uma moldura em cornija, e sobre ela pináculos. Esta arcaria possivelmente seja obra de princípios do século XVI.

28.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 032

O corpo superior foi realizado a posteriori. Consiste numa arcaria simples de arcos de volta perfeita sobre jambas apoiadas nos contrafortes do corpo inferior. Remata-se com uma cornija. Este corpo superior considera-se obra de Juan de la Sierra, pai ou Juan o velho (pai de Pedro e Juan de la Sierra), e baseando-nos nas inscrições que se conservam nos diferentes lados do claustro realizou-o nos anos 1578, 1581, 1583 e 1585.

No muro leste deste claustro abre-se uma porta de entrada para uma estância a que se considera Sala capitular. Ilumina-se com duas janelas e cobre-se com abóbada encaixotada de meio canhão rebaixado.

No corpo superior das jambas saem oito arcos de descarga que no lado oposto apoiam-se em repisas. Uma cornija suporta o telhado de madeira.

No seu lado sul destaca-se uma porta cuidadosamente decorada que serviria de acesso para os diferentes quartos do mosteiro, hoje arruinados. Neste muro apreciam-se abundantes peças românicas da antiga fábrica reutilizadas na construção. No corredor leste situa-se a porta que comunica com a igreja.

Um passadiço comunica os dois claustros, conectando o lado oeste do claustro processional com o claustro da hospedaria. Trata-se de uma obra de certo mérito construtivo, coberta com abóbadas de cruzaria de ogivas. No seu lado sul arranca uma escada que comunica com os deambulatórios altos de ambos os claustros.

Claustro baixo ou da hospedaria

29.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 017

O claustro baixo ou da hospedaria, contemporâneo à igreja, é de marcado estilo renascentista tardio, e é atribuído a Juan de la Sierra, pai, que terminou a obra em 1575 (data encontrada numa gravura do claustro encontrada em 1972) ou 1578, ano tradicionalmente considerado como o de remate. O corpo baixo compõe-se por uma arcaria de quatro vãos de meio ponto enfeitados com molduras lineais sobre colunas cilíndricas lisas.

30'.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 029

É rematado com uma imposta com leve cornija. O telhado é de madeira. O piso alto é uma galeria de fustes troncocónicos sobre enxutas e as chaves dos arcos baixos. Os fustes terminam em sapatas decoradas e sobre elas um arquitrave encaixotado base de uma longa cornija. O conjunto destaca-se pela sua cuidada decoração: medalhões, bustos em alto-relevo,

31.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 021

(Busto I)

32.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 022

(Busto II)

33.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 023

(Busto III)

escudetes e cartelas de grande variedade e imaginação, decoração floral e geométrica. Nos medalhões identificam-se à Virgem Maria, Santiago, São Pedro, São Paulo, São João, Carlos I ou Filipe II.

No lado sul deste claustro uma porta lisa serve de acesso à fachada oeste do mosteiro que apresenta uma varanda e ocos com molduras do século XVI. Da fachada oriental do edifício ficam como testemunhas algumas ruínas e muros interiores do restante das dependências estragadas pelo tempo.

O Mosteiro de Santa Maria de Montederramo foi declarado Bem de Interesse Cultural em 1951.

2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Montederramo) 081

NOTA – O conteúdo do presente post foi obtido através das seguintes publicações:

26
Set25

Ocasionais - Tragédia no mar

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OCASIONAIS

TRAGÉDIA NO MAR

01.- Cópia de IMG_2431

Inspirado numa tela do famoso pintor matosinhense Augusto Gomes,

02.- augusto gomes

(Fonte: - A Matéria do Tempo)

 

o conjunto escultórico «Tragédia no mar», da autoria de José João Brito,

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data de 2005 e evoca aquela que é a maior tragédia marítima de que há registo na costa portuguesa: a ocorrida na noite de 1 para 2 de dezembro de 1947, quando uma grande tempestade faz naufragar ao largo de Leixões diversas embarcações de pesca, provocando a morte de 152 tripulantes e a dor e o desespero em toda a comunidade,

04.- IMG_3179

Incluindo 72 viúvas e 152 órfãos, resultante desta tragédia.

05.- IMG_2436

Está situado na praia de Matosinhos, na areia da praia, junto ao mar. É feito em bronze patinado.

21
Set25

Ribeira Sacra-Ourense - Passeio de catamarã na albufeira de Santo Estevo, no rio Sil

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RIBEIRA SACRA | OURENSE 

PASSEIO DE CATAMARÃ NA ALBUFEIRA DE SANTO ESTEVO, NO RIO SIL

00.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (62)

A albufeira de Santo Estevo está situada no concelho de Nogueira de Ramuín, província de Ourense.

Faz parte integrante da Ribeira Sacra, no canhão do rio Sil.

É uma das maiores obras de engenharia hidráulica da Galiza. Começou a ser construída em 1945. Foi inaugurada em 1956, se bem que a obra apenas se tenha finalizado em 1957. Teve um período de paralisação de dois anos (1948-1950), devido a problemas com a importação de maquinaria.

Embalse-San-Esteban-Galicia

[Fonte:- Embalses de Galicia en la Ruta por la Ribeira Sacra (Arribeirados – Reserva)]

Para a construção da represa escolheram-se pedreiras da zona, por forma a obter-se a pedra necessária para o fabrico do betão.

A represa (ou paredão)tem uma altura de 115,10 metros; conta com uma capacidade aproximada de 213 hm³; uma superfície de bacia de 7. 216 Km²; utilizaram-se 550. 000 mɜ de betão; 150. 000 toneladas de cimento e 10. 000 de aço.

Na sua construção chegaram a trabalhar 3. 650 pessoas, alguns deles presos do regime franquista, que integravam o sistema de Redução de Penas pelo Trabalho, trazidos pela empresa de Dragados de Penais do Estado. Calcula-se que morreram 50 operários, quase todos na construção dos túneis e nas pedreiras para extração da pedra.

Nos anos de construção da albufeira de Santo Estevo, por mais de uma ocasião, sob o anonimato e conivência de alguns trabalhadores, o complexo foi visitado por mais de que um «maqui», como Mario Rodriguez Losada (Mario de Langullo, o «Pinche»), que vivia pela zona e usufruiu dos serviços médicos facultativos da barragem.

Gastaram-se, na sua construção, 9. 000. 000€ (1. 500 milhões de pesetas). Daqui criaram-se as primeiras linhas de transporte de 220. 000 volts: umas, iam para Madrid; outras, para o País Basco.

embalses-de-Galicia-embalse-de-San-Estevan-Encoro-Santo-Estevo

[Fonte:- Embalses de Galicia en la Ruta por la Ribeira Sacra (Arribeirados – Reserva)]

A Barragem de Santo Estevo é composta por:

  • A própria represa ou paredão;
  • Os túneis que levam a água para a central, que possuem comportas que podem ser abertas ou fechadas e suportam uma pressão de 3. 000 toneladas;
  • A central elétrica, bem assim
  • O lago com mais de 40 Km de longitude.

As instalações elétricas desta barragem representam uma das principais apostas do grupo Iberdrola na produção de energia em Espanha.

O complexo é capaz de produzir mais de 1. 000 GWh por ano, satisfazendo as necessidades energéticas de 600. 000 pessoas, o que representa muito mais do dobro da população da província de Ourense.

Deixamos aqui para visualização a

CONSTRUCION DE LA PRESA DE SANTO ESTEVO

[Fonte:- Embalses de Galicia en la Ruta por la Ribeira Sacra (Arribeirados – Reserva)]

E, agora,  contemplemos as incríveis e maravilhosos paisagens, através das imagens que captámos, num passeio que nos foi oferecido pelo nosso amigo Pablo Serrano.

01.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (209)

(Aproximando-nos do porto de Santo Estevo)

02.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (78)

(Perspetiva I do lençol de água)

03.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (85)

(Perspetiva II do lençol de água)

04.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (18)

(Perspetiva III e Reflexos I no lençol de água)

05.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (20)

(Reflexos II no lençol de água)

06.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (32)

(Reflexos III no lençol de água)

07.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (70)

(Viticultura heroica nas escarpas do Sil I)

08.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (75)

(Viticultura heroica nas escarpas do Sil II)

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(Estranhas figuras na rocha - Frade com o seu hábito?)

10.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (122)

(Estranhas figuras na rocha - penitente em oração)

11.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (169)

(Estranhas figuras na rocha - Cabeça de ovelha)

12.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (177)

(Estranhas figuras na rocha - Cabeça de velha ou...?)

13.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (184)

(Estranhas figuras na rocha - à imaginação de cada um)

14.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (188)

(Estranhas figuras na rocha - Um nobre?)

15.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (204)

(Aproximação à represa)

16.- 2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (206)

(À beira rio)

17
Set25

Os afiadores de Ribeira Sacra | Ourense

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OS AFIADORES DE RIBEIRA SACRA | OURENSE

 

Os afiadorees representam as terras da província de Ourense por todo o mundo. Por isso, Ourense e também conhecida como a «terra de chispa».

Os afiadores tinham um «idioma» próprio - o barallete -. Este «idioma» era falado não só por afiadores como também por barquilleros (os que vendiam um tipo de bolacha parecida ao cone dos sorvetes ou gelados, tipo de bolacha, portanto), por capadores, serralheiros, ceifeiros e cordoeiros. Entre estas profissões as pessoas podiam falar entre elas sem que as restantes as entendessem.

2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (214)

(Luíntra, Nogeira de Ramuín - O afiador)

2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (211)

(Luintra, Nogeira de Ramuín - Enquadramento I)

2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (217)

(Luíntra, Nogueira de Ramuín - Enquadramento II)

2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (212)

(Luíntra, Nogueira de Ramuín - Enquadramento III)

2022.- Sil (Catamaran+Luíntra+S.to Estevo) (213)

(Luíntra, Nogueira de Ramuín - Perspetiva)

Esgos (8)

(Esgos - Enquadramento)

Esgos (1)

(Esgos - Perspetiva I)

Esgos (5)

(Esgos - Perspetiva II)

12
Set25

O românico da Ribeira Sacra | Galiza - Igreja de Santo Estevo de Ribas de Miño

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O ROMÂNICO DA RIBEIRA SACRA | GALIZA

IGREJA DE SANTO ESTEVO DE RIBA DE MIÑO

- Saviñao – Lugo –

(3.março.2012)

 

01.- monasterio-de-santo-estevo-de-ribas-de-miño-o-saviñao_img23373n1t0

(Fonte:- Páginas galegas (Fiestas) – Monasterio de Santo Estevo de Ribas de Miño )

Rodeada por um entorno espetacular de vinhedos e bosques milenares, encontramos a Igreja de Santo Estevo de Ribas de Miño.

Situa-se no município de Saviñao, província de Lugo, em pleno coração da Ribeira Sacra.

A monumental Igreja românica de Santo Estevo de Ribas de Miño é um miradouro privilegiado sobre os socalcos de vinha do rio Miño

02.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Ribas do Miño) 035

e sobre a barragem de Belesar.

03.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Ribas do Miño) 033

Magnífica!

É um dos melhores exemplares, e mais destacado, do românico rural galego.

Pouco se sabe sobre a origem do antigo mosteiro que aqui existia.

Trata-se de uma fundação tardo medieval, todavia, não sabemos sob que regra foi constituída. Existem publicações que afirmam que foi sob a Ordem Beneditina.

Hoje em dia unicamente apenas se conserva a igreja monacal.

Temos conhecimento de alguns documentos, como a doação do ano 976, uma referência do século XII, no qual se fala do restauro de uma igreja visigótica no lugar, e textos do século XIII, no qual se refere já expressamente a abadia de Santo Estevo, regida então pela abadessa Dona Elvira.

Há quem relaciona este lugar também com o denominado Santo Estevo na villa Mazara, dependente de Samos, mas não se pode afirmar com total segurança que exista relação com este mosteiro da província de Lugo.

A decisão da localização desta Igreja dificultou, em grande medida, a sua construção, levada a cabo no século XIII.

Com elevadas pendentes e o costume de orientar as igrejas na direção este-oeste, foi necessário proceder-se a escavações de parte do monte, a este, para colocar a abside,

04.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Ribas do Miño) 014

bem assim como a construção de uma cripta debaixo da fachada principal, a oeste, para ganhar espaço e suportar a parte frontal da igreja.

A arquitetura de Santo Estevo apresenta um bom número de semelhanças com a vizinha Portomarín, ambas muito influenciadas pelo estilo de Compostela.

 Santo Estevo de Ribas de Miño é, positivamente, uma joia do românico de Ribeira Sacra.

É formada por uma só nave, rematada, pelo lado este, por uma abside semicircular, precedida por um amplo presbitério. Está coberta por uma abóbada de canhões, reforçada com dois nervos góticos.

A construção desta Igreja é atribuída à oficina do Mestre Mateo, o mesmo que construiu a Catedral de Santiago de Compostela. Diz-se que boa parte dos que participaram na sua construção aprenderam o ofício trabalhando na obra da Catedral. Na verdade, a forma de sustentar os pilares da igreja é a mesma solução que empregou na cripta da Catedral de Santiago.

A Igreja de Santo Estevo de Ribas de Miño foi declarada Monumento Nacional, em 1931.

Nesta Igreja, destacamos, fundamentalmente, os seguintes elementos:

 

A FACHADA PRINCIPAL - O mini pórtico da Glória

O que mais nos chama a atenção em Santo Estevo é a sua imponente fachada, uma das mais belas e elegantes do românico rural galego.

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A porta de acesso está rodeada por quatro arquivoltas, decoradas, apoiadas em quatro colunas.

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Na mais pequena, encontramos um conjunto de personagens esculpidas que, para muitos, é a representação, em termos resumidos, do Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela. Em Santo Estevo, em lugar de 24 anciãos do Apocalipse, há sete figuras. Cinco são músicos e as outras duas personagens: uma, está pegando no sol (que, no românico, se pode identificar com a figura de Cristo; a outra, pegando na lua, em referência ao mundo terreno ou Virgem Maria.

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Diferentes autores, que falam sobre esta Igreja, veem representado nestes personagens o rei David, com um séquito de quatro músicos, juntamente com Cristo e a Virgem, simbolizados pelo sol e pela lua.

Outros, como Ares Vázquez, identificam a figura central como Santo Estevo, acompanhado por seis diáconos.

As restantes arquivoltas exteriores estão decoradas com motivos de corda, elementos vegetais e «pontas de diamante».

08.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Ribas do Miño) 007

 Um pormenor.

09.-

Por cima da porta encontramos um friso de arcos cegos, que apoiam mísulas esculpidas com flores.

O tímpano é liso, ainda que muito provavelmente estivesse decorado com pinturas.

Flanqueiam a porta principal portas falsas laterais.

A entrada da igreja encontra-se flanqueada por um anjo e um demónio, em posição de assinar uns escritos que apoiam nos seus joelhos, a que corresponderiam ao Livro da Vida, e no qual estão apontadas as ações de cada pessoa ao longo da sua vida. Trata-se de uma clara alusão ao Juízo Final, em que se contrapõem o bem face ao mal. Também podemos ver duas estranhas aves com cara felina, possivelmente harpias, em representação das paixões baixas e dos remorsos gerados pelo pecado e a satisfação dos vícios.

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A FACHADA SUL E NORTE

Na fachada sul encontramos uma segunda porta. É formada por apenas uma arquivolta. Seus capitéis têm temas vegetais.

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Veja-se a aparência da fachada norte.

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A ABSIDE OU CABECEIRA DA IGREJA

Para a construção da cabeceira da Igreja foi necessário escavar parte da encosta onde se construiu o templo, como já se disse.

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Apresenta dois grandes arcos, acrescentados no século XVIII, a modos de arcos votantes. A sua finalidade foi suster o muro, rente à abside, e prevenir, assim, um possível movimento de terras, tal como aconteceu na época de oitocentos.

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O campanário, de dois olhos, está sobre um muro da rocha escavada no monte.

15.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Ribas do Miño) 011

(Perspetiva I)

16.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Ribas do Miño) 031

(Perspetiva II)

 

A ROSETA

Destaca-se também a roseta na fachada frontal, de quatro metros de diâmetro e já com tendência gótica, realizada completamente em granito.

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O seu desenho é formado a partir de um círculo central, à volta do qual dispõem-se doze pétalas. Trata-se de uma das rosetas de maior tamanho de toda a Galiza. A sua função é de iluminar o templo,

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(Fonte:-  Aida Menéndez - Camino de inverno y Ribeira Sacra, dos valoes en alza)

conseguindo um ambiente místico com a luz de cores, procedente dos vitrais, iluminando a zona do altar.

Infelizmente, a localização desta roseta não deixa contemplar, em perspetiva, este grande trabalho escultório.

 

O INTERIOR DA IGREJA

Ainda que de aparência simples, sóbria, o interior da Igreja de Santo Estevo é um exemplo perfeito do equilíbrio românico. Os capitéis estão adornados com motivos vegetais e criaturas fantásticas que se podem observar ao detalhe, criando um ambiente único para os visitantes. A simplicidade e a harmonia das suas linhas arquitetónicas transmitem uma sensação de recolhimento e espiritualidade.

Ao entrarmos no interior da igreja o que mais nos chama a atenção é a figura românica que se encontra na abside e que representa a Virgem com o menino em seus braços.

19.- Santo Estevo de Ribas de Miño-13

(Imagem adaptada da foto de «SANTO ESTEVO DE RIBAS DE MIÑO» )

Faz parte de uma epifania que se encontrou após a recuperação de várias peças que foram descobertas aquando do restauro da igreja. Completa a composição as imagens dos Reis Magos entregando ao Menino as suas prendas.

Importantes elementos do interior da igreja são também a pia batismal românica

20.-

(Imagem adaptada da foto de «SANTO ESTEVO DE RIBAS DE MIÑO» )

e as escadas interiores em caracol que permitem subir até à altura da grande roseta da fachada principal.

 

A(S) LENDA(S)

Como muitos outros lugares da Ribeira Sacra, Santo Estevo está rodeada de lendas.  

Uma delas conta com os monges que habitavam este lugar eram conhecidos por produzirem um vinho de excecional qualidade, atraindo importantes personalidades ao longo dos séculos.

De facto, a conexão entre o mosteiro e a viticultura é uma das grandes curiosidades da zona.

Outra lenda local diz que as vistas desde Santo Estêvão são tão impressionantes que, aqueles que as contemplam, recebem uma sensação de paz e proteção espiritual. O facto do lugar se encontrar numa elevação tão destacada reforça a crença, já que permite ver a paisagem da Ribeira Sacra em todo o seu esplendor.

Conta-se ainda a lenda que a força dos raios solares, ao refletir nos vidros, fazia com que as mulheres e os animais da zona abortassem. Para evitar tal facto, diz-se que os vizinhos de Santo Estevo atiravam pedras contra os vitrais, para os partir, impedindo, desta forma, que a roseta refletisse os raios solares.

Para quem queira conhecer um pouco mais sobre esta Igreja, recomendamos a leitura do texto «SANTO ESTEVO DE RIBAS DE MIÑO»  (Texto: BGA - Planos: MMPG).

Finalmente, deixamos à visualização dos nossos(as) leitores(as) a Igreja de Santo Estevo de Ribas de Miño - «Mosteiro de San Estevo de Ribas de Miño»,  apresentado por Peragalloos.es (Matterport).

 

10
Set25

O românico na Ribeira Sacra | Galiza - Igreja de Santo Estevo de Atán | Pantón-Lugo

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O ROMÂNICO NA RIBEIRA SACRA | GALIZA

- IGREJA DE SANTO ESTEVO DE ATÁN | PANTÓN-LUGO –

(13.março.2012)

01.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 035

A Igreja de Santro Estevo de Atán situa-se ma margem esquerda da ribeira do Minho, nas proximidades da albufeira de Os Peares.

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As terras de Pantón são de grande tradição vinícola. As sua ribeiras dedicam-se quase exclusivamente à vinha,

03.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 045

possuindo mais de 150 adegas.

04.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 047

Segundo documentos do século XVI, os bispos de Lugo possuíam neste concello de Pantón um couto com várias adegas. As mais importantes eram da chamada Casa de Albarde.

05.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 037

(Em março, cuidando da vinha)

A Igreja de Santo Estevo de Atán é um destacado exemplar do românico da Ribeira Sacra.

Pese embora falar-se de um mosteiro localizado aqui, mais antigo, da época sueva, fundado pelo bispo de Lugo Odoario, em 747, o certo é que não se tem provas que seja anterior aos começos do século XIII. [Outra versão diz que no século IX, Afonso II, das Astúrias, restaurou-o e deu-o ao bispo Froilán. E, ainda num documento considerado falso, com data de 871, diz Afonso III menciona as possessões da Igreja de Lugo e, entre elas, o mosteiro de Santo Estevo de Atán].

A Igreja atual, românico tardia,

06.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 027

de transição para o gótico, é datada dos séculos XII e XIII.

07.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 011

(Pormenor no topo da fachada principal)

É de nave retangular, de duas águas, coberta com madeira. Sua abóbada é de berço ou canhão.

08.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 012

(Perspetiva lateral)

09.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 015

(Perspetiva do lado este)

Conta com uma torre campanário,

10.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 013

de planta quadrada, anexada à fachada, objeto de muitas modificações ao longo do tempo/séculos.

Nela se utilizaram diferentes restos considerados pré-românicos, como estas duas gelosias ou treliças pétreas,

11.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 020

(Elemento I)

integradas no conjunto da construção.

12.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 021

(Elemento II)

E, fundamentalmente, destacam-se as suas duas portas ou fachadas. De grande beleza.

A principal,

13.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 005

virada a oeste, com três arcos apontados e três arquivoltas, com três pares de colunas de cada lado do tímpano, liso.

14.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 006

Os seus elementos decorativos estão relacionados com a atração do célebre Mestre Mateo, arquiteto e escultor, artífice do Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela.

Repare-se no capitel do lado esquerdo,

15.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 008

e atenhamo-nos ao da direita, dedicado a Adão e Eva,

16.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 009

bem assim na base das três colunas do lado direito.

17.- 2012 - Ribeira Sacra (Igreja de S.to Estêvão de Atán) 010

A outra portada, mais pequena, de acesso lateral, do lado norte,

18.- 062884-1000x749.jpeg

(Fonte:-  Santo Estevo de Atán: Tesoro medieval en Ribeira Sacra)

tem apenas um arco apontado e uma arquivolta, que descansa sobre uma coluna. Em cada uma das fachadas existem linhas ornamentais semelhantes. Verdadeiramente, ornamentação original.

Por se encontrar fechada esta Igreja, não tivemos oportunidade de nela entrar e apreciar as suas pinturas murais, que datam dos séculos XV e XVI, com imagens/cenas como a Anunciação, à esquerda do presbitério, ou do lado do patrono, Santo Estevo e, no lado direito, uma cena em que o mesmo Santo Estevo está sendo apedrejado. Noutras imagens dos murais podemos reconhecer a Virgem Maria ou Santa Luzia.

Para finalizar, aqui fica uma visita guiada, muito rápida, desta IGREJA DE SANTO ESTEVO DE ATÁN.

31
Ago25

Igreja do Convento de Santa Clara do Porto

nona

IGREJA DO CONVENTO DE SANTA CLARA DO PORTO

O TEMPLO DE OURO E AZUL

000.- Nave 02

Esta Igreja, Monumento Nacional, é considerada um dos melhores exemplares de talha dourada em Portugal. Estando muito deteriorada, foi alvo de intervenção/restauro, por um período de cinco anos, de 2016 a 2021, no qual se gastaram 2,5 milões de euros, com a Fundação Millennium BCP a constituir-se como mecenas exclusivo da empreitada de recuperação.

Não é nossa intenção fazer aqui a história desta Igreja e seu convento, das irmãs Clarissas. Bem assim as diferentes alterações e vicissitudes porque este monumento nacional passou, ao longo dos seus 600 anos de História, que se iniciou com o pedido de construção da Rainha D. Filipa de Lencastre a seu marido, D. João I, de Portugal.

Localizemos, no Porto, a Igreja e o Convento de Santa Clara.

00a.- Convento de Santa Clara do Porto - História e Património -252

(Fonte: - Convento de Santa Clara do Porto - História e Património [Coleção Património a Norte, número 10, 2021, edição da Direção Regional de Cultura do Norte].

E atentemos à vista do Convento e Igreja de Santa Clara, a partir da margem sul do rio Douro.

00b.-Convento de Santa Clara do Porto - História e Património -66

(Fonte: - Convento de Santa Clara do Porto - História e Património [Coleção Património a Norte, número 10, 2021, edição da Direção Regional de Cultura do Norte].

Vamos dar início ao nosso post com três documentários online:

* «Convento de Santa Clara do Porto: História e Património», apresentado por Mário Augusto

CONVENTO DE SANTA CLARA DO PORTO: HISTÓRIA E PATRIMÓNIO

* a Igreja de Santa Clara, Porto, Mitos e Mentiras da História #37, apresentado por Gonçalo Marques.

IGREJA DE SANTA CLARA, PORTO | Mitos e Mentiras da História #37

* e Convento de Santa Clara do Porto: Conservação e Restauro, do Património a Norte, da Direção Regional Cultura Norte.

CONVENTO DE SANTA CLARA DO PORTO: CONSERVAÇÃO E RESTAURO

Aquele que foi outrora o Convento de Santa Clara do Porto faz parte das instalações da PSP (Polícia de Segurança Pública) do Porto. Motivo pelo qual a nossa visita não incluiu estas dependências.

Entrámos na zona da Igreja. Logo de frente, deparamos com o portal da Igreja do Convento de Santra Clara, com a vista, do lado direito, da porta da Casa da Roda.

ENTRADA

01.- Portal da Igreja do Convento e porta da Casa da Roda

Ao lado, o portal da portaria, com destaque da imagem de Nossa Senhora da Conceição e o brasão de Portugal.

02.- Portal da portaria

Iniciámos a visita ao interior da Igreja, seguindo quase todos os passos que a legenda abaixo nos indica.

Imagem WhatsApp 2025-09-01 às 15.47.39_d640ffd9

(Fonte: - Convento de Santa Clara do Porto - História e Património [Coleção Património a Norte, número 10, 2021, edição da Direção Regional de Cultura do Norte].

Na Portaria, captámos esta imagem - o Altar do Cristo Crucificado.

PORTARIA

03.- Portaria do Convento

CORO BAIXO

No Coro Baixo, o altar de Nossa Senhora da Conceição

37.- Coro Baixo 02

Bem assim o altar do Senhor dos Passos.

04b.- Coro Baixo

E este linda Urna de Quinta-Feira Santa.

39.- Coro Baixo 04

É hora de entrarmos na

«A CAVERNA DO OURO»

Perpetiva I da Igreja, virados para o Altar-mor.

23.- Capela do Altar-Mor 01

Perspectiva II da Igreja, virados para o Altar-mor.

26.- Nave 03

Perspetiva da Igreja, virados para o Coro Baixo e o Coro Alto.

28.- Nave 05

Vista do Coro Baixo e do Coro Alto desde a Capela-mor da Igreja.

29.- Nave 06

0S TETOS DA IGREJA

Perspetiva do teto da Igreja desde o Coro Alto e o Coro Baixo. Perspetiva geral.

31.- Teto 01

Perspetiva I do teto da Igreja (nave) desde o centro da mesma.

32.- Teto 02

Perspetiva II do teto da Igreja (nave) desde o centro da mesma.

33.- Teto 03

O teto da capela do Altar-mor.

34.- Teto 04

Perspetiva geral dos tetos (nave e capela-mor) da Igreja.

Tetos da Igreja de Santa Clara do Porto

OS RETÁBULOS DOS ALTARES DA NAVE DA IGREJA

Na nave da Igreja, observemos os seus altares e respetivos retábulos, no seu alçado norte.

Comecemos pelo retábulo do altar das Almas.

10.- Altar das Almas 01

Reparemos neste retábulo os dois Santos Negros Carmelitas - Santo Elesbão e Santa Ifigénia. 

Bem assim neste pormenor.

11.- Altar das Almas - Pormenor 02

Entre este altar e o de São João Evangelista devia estar esta pia gótica de água benta,

09.- Convento de Santa Clara do Porto - História e Património -83

(Fonte: - Convento de Santa Clara do Porto - Conservação e Restauro [Coleção Património a Norte, número 11, 2021, edição da Direção Regional de Cultura do Norte])

mas, positivamente, não a vimos.

Entre o altar das Almas e o de São João Evangelista, este púlpito.

12.- Púlpito entre o altar das Almas e de São João Evangelista 02

Vem a seguir o retábulo do altar de São João Evangelista,

12.- Altar dee São João Evangelista

seguido do retábulo de Nossa Senhora da Conceição.

13.- Altar de Nossa Senhora da Conceição

Agora o retábulo do altar de Nossa Senhora da Piedade, que pertenceu ao extinto Convento de S. Bento da Ave Maria,

14.- Altar de Nossa Sernhora da Piedade

com este pormenor.

14a.- Altar de Nossa Senhora da Piedade - Pormenor

O retábulo do altar do Calvário, que também pertenceu ao extinto Convento de S. Bento da Ave Maria.

14b.- Altar do Calvário

O retábulo do altar da Sagrada Família;

15.- Altar da Sagrada Família

O retábulo do altar do Menino Jesus.

16.- Altar do Menino Jesus 01

E, finalmente, o retábulo do altar de São João Baptista.

17.- Altar de São João Baptista 02

A CAPELA-MOR

Entremos na capela do Altar-mor. No alçado norte da Igreja, do lado do Evangelho, eis o Brasão dos Barreto e Ferraz, com respetiva inscrição.

18.- Imagem 04

Vejamo-lo mais em pormenor.

CO1D26~1

(Fonte :- Convento de Santa Clara do Porto - Conservação e Restauro [Coleção Património a Norte, número 11, 2021, edição da Direção Regional de Cultura do Norte])

E agora, apreciemos todo o retábulo do Altar-mor e, entre outras imagens, detetemos, do lado do Evangelho, entre outras, a figura de São Francisco e, do lado direito, ou da Epístola, a Figura de Santa Clara.

19.- Capela do altar-Mor 02

Vejamo-las em pormenor.

49.- Imagem 01

(São Francisco, ao centro)

50.- Imagem 02

(Santa Clara, do lado esquerdo)

21.- Convento de Santa Clara do Porto - Conservação e Restauro -114

(Fonte: - Convento de Santa Clara do Porto - Conservação e Restauro [Coleção Património a Norte, número 11, 2021, edição da Direção Regional de Cultura do Norte])

Atentemo-nos nestas duas imagens. Se bem repararmos, na imagem do lado esquerdo, no conjunto do retábulo, não aparece nenhuma tela de enrolar; já por seu lado, na imagem do lado direito, aparece uma tela. Esta tela foi mandada fazer pela abadessa D. Dula Maria Garcia (falecida a 22 de novembro de 1835) ao pintor portuense Joaquim Rafael da Costa. Representa o episódio de Santa Clara a afastar os Serracenos com o Santíssimo Sacramento.

22.- Convento de Santa Clara do Porto - História e Património -214

(Fonte: - Convento de Santa Clara do Porto - Conservação e Restauro [Coleção Património a Norte, número 11, 2021, edição da Direção Regional de Cultura do Norte])

Quando visitámos esta Igreja do Convento de Santa Clara do Porto, no conjunto do retábulo, a tela de Santa Clara estava enrolada. Apenas contemplámos a Tribuna e o Sacrário.

20.- Capela dfo Altar-Mor 03

Antes de chegarmos ao Coro Alto, no piso superior da Portaria, passamos pela Sala Multimédia, onde se destaca a imagem do Sagrado Coraçãoi de Jesus.

35a.- Imagem do Sagrado Coração de Jesus

CORO ALTO

Estamos agora no Coro Alto. Nele destacamos cinco painéis de parede, onde se distingue bonita azulejaria de tapete.

Painel I

40.- Coro Alto

Painel II

41.- Coro Alto

Painel III, recanto

44.- Coro Alto

Painel IV

46.- Coro alto

E, finalmente, o Painel V, tendo ao centro azulejaria representando a Adoração do Santíssimo Sacramento.

45.-- Coro Alto

Apresentamos quatro pormenores neste Coro Alto:

* O Calvário, no varandim do Coro;

42.- Coro alto

* a Pietá;

43.- Coro Alto

* pormenor do cadeiral

48.- Coro Alto

* bem assim os pormenores das «misericórdias» do cadeiral.

47.- Coro Alto

Tivemos pena  de não termos obtido imagens dos seus órgãos (pequeno/realejo; mudo e grande), da sacristia e da capela de Nossa Senhora. Nestas coisas alguma coisa falha!

A 16 de abril de 1900 assinala-se oficialmente o fim da comunidade de Santa Clara do Porto, após a morte, a 11 de abril daquele ano, da última abadessa - D. Maria da Glória -, nascida em Samodães, concelho de Lamego. Foi sepultada no cemitério do Prado do Repouso.

Fica, para finalizar, a lenda dos ovos do Convento de Santa Clara do Porto. A «caixa dos ovos» ou cesto dos ovos de Santa Clara do Porto está ligada a uma tradição popular que envolve esta Igreja e, na qual, se fala da oferta de ovos à Santa Clara pelas noivas para garantir o bom tempo no dia do casamento, afastando a chuva.

Para quem queira aprofundar mais este tema, relacionado com a Igreja e o Convento de Santa Clara do Porto, deixamos aqui, aos nossos leitores, os links das respetivas obras e artigos, que reputamos mais interessantes, sobre a origem e evolução desta instituição religiosa:

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