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O Senhor de Matosinhos

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O SENHOR DE MATOSINHOS

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HISTÓRIA E LENDA

Em primeiro lugar, esclareçamos conceitos.

 Como nos diz Artur Filipe dos Santos em - O Senhor de Matosinhos: Entre a Fé e a Lenda, Draft Worldmagazine: «A grande diferença entre o mito e a lenda é que o mito surge sempre como forma de explicação para os fenómenos que a Humanidade, ao longo da sua história e sobretudo em períodos de maiores trevas culturais, não conseguiu perceber; já a lenda tem sempre um fundo de verdade, isto é, personagens históricas que realmente existiram, lugares, eventos fantasiados que ao longo dos tempos se foram, como diz o provérbio, “aumentando” pontos».

Agora, tenhamos em conta ao que se escreve nas 17 Histórias baseadas em Lendas e Narrativas da Área Metropolitana do Porto, a páginas 20 e seguintes – O braço do Senhor de Matosinhos:

02.- 17 Histórias baseadas em Lendas e Narrativas

«Estamos na Palestina no ano de 33. Depois da crucificação, José de Arimateia e Nicodemos retiram Jesus da cruz. Depositam-no num túmulo escavado na rocha depois de lhe envolver o corpo com ligaduras de linho, perfumadas de mirra e aloé. José de Arimateia guarda consigo o cálice da última ceia, o Santo Graal, enquanto que Nicodemos guarda o Santo Sudário, o tecido que envolveu Jesus após a sua crucificação e no qual ficou reproduzido em sangue e suor todo o seu corpo, incluindo o rosto.

Nicodemos ficou muito impressionado com a expressão de Jesus. Não a querendo esquecer, e sendo bastante dotado para o trabalho manual, começa a esculpir em madeira uma imagem de Cristo crucificado, usando como modelo a imagem perpetuada no Sudário. É uma escultura em tamanho natural que demora bastante tempo a criar, com Nicodemos a esforçar-se por reproduzir todos os detalhes do corpo e expressão de Jesus. Deixa o rosto para o fim, mas quando termina a escultura Nicodemos sente-se insatisfeito com o resultado. Acha que algo lhe escapou da expressão que pretendia captar. Percebe também que é perigoso mantê-la consigo. Não tendo coragem de a destruir, fica sem saber o que fazer com ela, acabando por decidir durante a noite lançá-la ao mar Mediterrâneo.

 Nicodemos não encontra descanso, continuando com a memória da expressão que tentou captar em madeira e não conseguiu. Acaba por decidir-se a tentar de novo e começa a esculpir uma nova escultura. Esta mais uma vez demora muito tempo a criar, com Nicodemos na fase final a tentar esculpir com minúcia quer aquilo que estava marcado no Sudário quer aquilo de que se lembrava. Acaba por ter de dar a escultura por terminada, mas o mesmo sentimento de insatisfação permanece. Por isso resolve confiá-la também às águas do Mediterrâneo.

Os anos vão passando com Nicodemos a tentar infrutiferamente reproduzir a última expressão de Jesus nas esculturas que cria e que quando terminadas lança ao mar. Acaba por perder a conta de quantas fez, mas não desiste. Sente que se está a aproximar lentamente da essência da expressão. Por fim uma noite sente que sabe o que tem de fazer e com a impaciência que o agita resolve começar a esculpir o rosto antes de terminar o corpo. Trabalha a noite toda e pouco antes do raiar do dia tem nas suas mãos um rosto finamente esculpido com exatamente a expressão que pretendia. Mas nem tem tempo de se alegrar, nesse momento um amigo vem avisá-lo de que um destacamento de romanos o vem prender. Sem saber o que fazer, querendo a todo o custo proteger a escultura que por fim tinha conseguido concretizar e sabendo que não tem tempo para esculpir o braço em falta resolve cortá-la pelo ombro do resto do tronco de madeira de onde a estava a esculpir. A escultura tem as costas escavadas e côncavas e Nicodemos ainda tem tempo de esconder no seu interior os instrumentos que usou para a esculpir: tenaz, cravos, martelo, que não eram nem mais nem menos do que alguns dos instrumentos da Paixão e Morte de Jesus. Com a ajuda do amigo lançam a escultura à água. Preparava-se para fugir quando chegam os romanos que o acusam de sedição e o levam preso. Nicodemos é colocado numa cela à beira do Mediterrâneo. Acaba por conseguir subornar um dos guardas para que lhe arranje um bloco de madeira. Usando uma pedra e infinita paciência esculpe de memória o braço em falta, atira-o para o mar através da pequena janela, dando-lhe a indicação de se juntar ao resto da escultura.

As esculturas lançadas ao mar ao longo dos anos navegam ao sabor dos ventos, ondas e tempestades. A primeira aporta a Berito na Síria (atual Beirute no Líbano), a segunda a Luca em Itália, a terceira a Burgos em Espanha, a quarta a Orense na Galiza, a quinta a Arenas em Málaga. Outras aportam a paragens mais distantes ou são engolidas por monstros marinhos. Mas a última, aquela a que lhe falta um braço, a mais bela e perfeita e a que melhor reproduzia a efígie de Cristo cruza o estreito de Gibraltar, sulca o Atlântico, e acaba por em 3 de maio de 124 aportar na praia do Espinheiro junto ao lugar de Matosinhos, no dia do Espírito Santo ou Pentecostes. A população da zona era cristã, em consequência de uma festa de casamento ocorrida 80 anos antes.

Voltemos um pouco atrás. Tudo começou quando em 44 o apóstolo Santiago regressou à Palestina após ter estado a pregar no noroeste da Península Ibérica, o local mais afastado do mundo então conhecido. Mal chega à Palestina é capturado por Herodes Agripa que de imediato o manda decapitar. Alguns dos seus seguidores recuperam o corpo e decidem transportá-lo por mar para repousar na sua área de evangelização. A embarcação apanha ventos favoráveis e em 7 dias já atravessou o Mediterrâneo, entrou no Atlântico e está a passar ao largo da praia do Espinheiro no lugar de Bouças (designação até ao início do século �� do atual concelho de Matosinhos). Ora acontece que Cayo Carpo, grande senhor romano da região, tinha exatamente escolhido essa praia pela sua vastidão e largueza para festejar a sua festa de casamento. Durante as festividades o noivo desafia os restantes cavaleiros para uma corri da invulgar: venceria aquele que penetrasse mais longe mar adentro. Rapidamente Cayo Carpo se destaca dos restantes competidores, para sua grande surpresa o seu cavalo avança sobre as águas sem se afundar, a sua montada atraída pelo barco que transporta o corpo do apóstolo Santiago. Chegado ao barco a tripulação explica-lhe que são cristãos e que estão a levar o corpo do apóstolo para Iria Flavia na Galiza onde o pretendem enterrar num bosque onde Santiago gostava muito de meditar, bosque esse que mais tarde será chamado de Compostela. Perante o milagre do seu cavalo ter conseguido caminhar sobre a água, e ouvindo as explicações e os ensinamentos dos tripulantes do barco, Cayo Carpo converte-se de imediato ao cristianismo. Explicam-lhe que terá de ser batizado e que para isso terá de mergulhar. Ele assim faz e juntamente com o cavalo mergulha no mar enquanto a embarcação segue caminho. De terra todos o vêm desaparecer e a noiva fica inconsolável julgando-o afogado. Eis quando de repente aparece de novo, ele e o cavalo cobertos de conchas vieiras. Por causa disso passam a chamá-lo de “matizadinho” (matizado de vieiras) e a praia muda de nome para ser a praia do matizadinho (muitos séculos mais tarde virá a ser a praia de Matosinhos). Os que o viram chegar são e salvo perante caso tão espantoso e nunca visto resolvem converter-se também ao cristianismo.

Voltando a 3 de maio de 124, quando a escultura chega à praia e é recolhida todos ficam espantados com a sua beleza, mas vendo que lhe falta um braço, procuram-no na praia nesse dia e seguintes, mas ele não aparece. Resolvem então mandar fazer um braço aos melhores artífices e carpinteiros. Fizeram várias tentativas, mas nenhum braço encaixava de forma perfeita no ombro amputado, para além de destoarem demasiado face ao outro braço. Acabam por desistir e deixar a escultura sem braço, guardando-a no Mosteiro de Bouças e passando a chamá-la de Bom Jesus.

Entretanto o braço não parou de navegar, procurando em vão por sinais da escultura a que pertencia. Encontrou algumas das outras, mas todas possuíam ambos os braços. Navegou durante mais de uma centena de anos, até que um dia resolveu descansar e recuperar forças na praia de Matosinhos. Estávamos em 174, deambulando pela praia uma mulher que estava a recolher lenha para a lareira apanha o braço. Regressando a casa coloca-o na lareira juntamente com a restante lenha, mas de imediato o braço com um estoiro salta para fora. Ela volta a colocá-lo na lareira e ele volta a saltar. Nesse momento a f ilha, que era muda de nascença, começa de repente a falar. Em voz entrecortada diz que é o braço perdido do Bom Jesus guardado no Mosteiro de Bouças.

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Assustada com o milagre da filha começar a falar a mulher consegue, no entanto, arranjar coragem para embrulhar o braço num tecido e ir de imediato acompanhada da filha a Bouças. Os monges ouvindo a história, ao princípio, ficam incrédulos, mas resolvem experimentar e o braço encaixa perfeitamente, de tal forma que depois de colado deixa de se poder distinguir qual era o braço em falta.

Passam-se muitos séculos. Em 1559, com o mosteiro já em ruínas e a igreja de Bouças em completa decadência os habitantes decidem construir um novo templo que condignamente albergasse a imagem do Bom Jesus. Para decidir o local a imagem do Bom Jesus é colocada no dorso de um burro e o animal é colocado em marcha em direção a Matosinhos, isto porque Matosinhos estando junto ao mar e à foz do rio Leça, crescia de importância e dimensão pelo que os habitantes acharam que era melhor criar a nova igreja perto desse lugar. O burro começa a andar e acaba por parar num local perto de Matosinhos, se bem que ainda afastado da povoação. Obedecendo ao burro aí se começa a construir a igreja do Bom Jesus de Matosinhos. O prazo previsto eram quatro anos, acabaria por demorar vinte, nela está guardada a escultura a que agora se chama Nosso Senhor de Matosinhos.

***

Tenhamos agora em atenção o que Joel Cleto nos diz em - Nicodemos e o Senhor de Matosinhos – emergências de um mito europeu? - em Joel CLETO - Nicodemos e o Senhor de Matosinhos – emergências de um mito europeu? In V. O. JORGE & J. M. C. MACEDO (Orgs.), Crenças, Religiões e Poderes. Dos Indivíduos às Sociabilidades. Porto: Afrontamento, 2008. (col. “Biblioteca das Ciências Sociais/Antropologia; 13), p. 385-392. 

«Nos finais do século XI surge uma lenda que irá varrer toda a Europa durante os séculos seguintes. Associada a romances de cavalaria e de amor cortês, tão característicos desta época, a emergência da história do Santo Graal, de que "Parsifal", de Chrétien de Troyes e de Wolfram von Eschenbach (já na transição do século XII para o XIII), é talvez o exemplo mais paradigmático, conhecerá, com efeito, uma celebridade e divulgação/dispersão verdadeiramente notáveis, contribuindo para que hoje seja considerada como "uma das maiores aventuras da imaginação ocidental" (…) e que continue, no presente, a influenciar muita da fantasia do ocidente (veja-se o recente e estrondoso sucesso comercial da obra de Dan Brown “O Código Da Vinci” ) e a alimentar imensas “seitas” esotéricas.

É associado à história de José de Arimateia (que segundo a lenda terá guardado o Santo Graal, o cálice da Última Ceia) que, desde cedo, ainda durante o século XII e no seguinte, terá surgido também a figura, igualmente bíblica, de Nicodemos (…). O facto de ambos terem sido os últimos homens a ter contacto com o corpo de Cristo, fez com que Nicodemos tenha sido, segundo os seus hagiógrafos, um privilegiado possuidor e "fazedor" de relíquias. Tal característica fez mesmo com que lhe tenha sido atribuído um evangelho apócrifo (o "Evangelho de Nicodemos") que narra de forma detalhada as suas atividades desde a Paixão à Ressurreição de Cristo.

Não obstante a ligação de Nicodemos, desde o século XII, a José de Arimateia e à lenda do Graal, a tradição que o identificava como escultor em madeira e autor de imagens de Cristo era, contudo, na Europa ocidental, mais antiga. E a sua associação a relíquias, nomeadamente representações artísticas de Jesus (inicialmente apenas em ícones e pinturas), está já documentada, (…) pelo menos desde o século IX.

Numa época em que as relíquias, principalmente as que se relacionam de um modo direto com a Paixão de Cristo, são cada vez mais valiosas e se iniciam as "demandas" em sua busca, em associação com o espírito das Cruzadas, facilmente se perceberá da celebridade e divulgação que, desde o século XII, conhecerão estas lendas e as relíquias que lhes estão associadas. E, do mesmo modo, se perceberá como um pouco por toda a bacia do Mediterrâneo ocidental nos surjam imagens e lendas atribuídas e relacionadas com Nicodemos. A própria versão da lenda da Imagem do Bom Jesus de Matosinhos fala-nos de quatro outras imagens "irmãs", efetivamente existentes, em Ourense e Burgos, em Espanha; Luca, na Itália; e ainda de uma outra presumivelmente oriunda de Berito na Síria   a atual Beirute, no Líbano. Contudo, (…) conhecem-se vários outros exemplos de famosas e lendárias imagens associadas a Nicodemos.

Este fundo lendário, e as suas origens temporais, são, obviamente, fatores a ter em conta quando, como é o nosso caso, se estuda e pretende datar a Imagem e a própria lenda do Senhor de Matosinhos. Tanto mais que está bem documentada a popularidade que estas lendas possuíram em Portugal desde o século XII ao XIV – o período que (…) coincide muito presumivelmente com o surgimento desta Imagem em Matosinhos».

Ainda de acordo com Joel Cleto, falando da lenda, diz que a imagem «foi esculpida por Nicodemos que, fugindo aos judeus, a lançou ao mar. Cruzado o Mediterrâneo, ultrapassado o estreito de Gibraltar, e após penetrar no Atlântico, foi encontrada na praia do Espinheiro, atual praia de Matosinhos, sem um braço, tendo sido recolhida no Mosteiro de Bouças. Anos depois uma mulher, que apanhava lenha para casa, encontrou um madeiro que não ardia quando lançado ao fogo e que se verificou posteriormente ser o braço da Imagem.

A imagem do Bom Senhor de Matosinhos está localizada no altar-mor da igreja de Matosinhos. É ladeada por representações de Nicodemos e de José da Arimateia.

A devoção a esta imagem, associada a múltiplos milagres, é muito antiga, havendo provas documentais de peregrinos ao Santo Crucifixo de Bouças (sua designação primitiva) já na primeira metade do século XIV, devendo a imagem datar, pelo menos, do século anterior. Trata-se, de resto, de uma imagem da transição do românico para o gótico e é, muito provavelmente, a mais antiga escultura existente em Portugal de um “Cristo-majestade».

***

DATAÇÃO DA IMAGEM DO BOM JESUS DE MATOSINHOS

Continua aquele autor, acima citado: «Muitos argumentos culturais, históricos e arqueológicos, contrários às recuadas datações propostas pelas narrativas populares e lendárias, poderiam ser aqui evocados. É, no entanto, a idade da própria imagem do Bom Jesus de Matosinhos o argumento mais definitivo já que, de facto, ela não pode ser tão antiga quanto aponta a tradição. Os cristãos dos primeiros séculos (supostamente contemporâneos daqueles que recolheram a imagem na praia de Matosinhos) utilizavam como símbolo da sua Fé e como forma de clandestinamente se identificarem entre si, o desenho estilizado de um peixe. Só posteriormente, e de uma forma paulatina, irão adotar a cruz. Mas foi apenas a partir do século X que, iconograficamente, a Igreja Católica evolui da cruz nua para o crucifixo, isto é, para a veneração do corpo de Cristo pregado sobre a cruz.

Assim, a imagem de Matosinhos não deixa de seguir estas linhas evolutivas e é, obviamente, posterior ao século X. Só que...

Embora a imagem não possua a ancestralidade que a lenda lhe atribui, não deixa de ser, nas palavras do estudioso Pinto Ferreira, “sem dúvida, uma das mais impressionantes, mais belas e possivelmente a mais antiga existente em Portugal”».

Este autor, à semelhança de vários outros investigadores, não tem dúvidas em a colocar entre o grupo das mais antigas existentes em toda a Península Ibérica datando a dos finais do século XII ou princípios do XIII. Deste modo é uma verdadeira relíquia a imagem que podemos contemplar no interior da igreja de Matosinhos.

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«E é mesmo necessário ir observá‐la no interior do templo pois, ao contrário do que muita gente pensa, a imagem não sai em procissão na Páscoa nem mesmo nas festas que lhe são dedicadas anualmente. Passam‐se décadas sem que ela venha ao exterior. Serve de exemplo a atualidade, já que as suas duas últimas e extraordinárias saídas em procissão datam de 1944 (para em plena 2ª Guerra Mundial implorar pela Paz no Mundo) e 1967 (para assinalar o cinquentenário das aparições de Fátima)».

 

A IGREJA DO SENHOR DE MATOSINHOS

Pregada numa monumental cruz de madeira, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos possui cerca de dois metros de altura e toda ela está talhada em madeira, incluindo os cabelos, barba e panos que cobrem Cristo. Guardada e exposta na igreja paroquial de Matosinhos, a imagem foi para aí transferida desde que este templo foi edificado, na segunda metade do século XVI, na sequência da ruína e fecho da velha igreja de Bouças, que se localizava a algumas centenas de metros de distância.

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A nova igreja continuou, no entanto, a ser objeto de sucessivas e posteriores intervenções, devendo‐se salientar as do período barroco, no século XVIII, nomeadamente o notável revestimento em talha dourada de toda a capela‐mor e a edificação de uma nova fachada, da autoria do famoso arquiteto italiano Nicolau Nasoni.

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E assim para quem, na atualidade, penetra na igreja de Matosinhos,

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é difícil acreditar que a imagem seja muito mais antiga do que tudo o que a envolve. Isto porque a belíssima talha dourada que recobre o altar‐mor

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(aí colocada em 1733 e hoje considerada uma das obras‐primas em talha dourada do barroco nacional).

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(Pormenor I)

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(Pormenor II)

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(Pormenor III)

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(Perspetiva desde o altar-mor até à fachada da entrada principal e coro alto)

quase ofusca a imagem que, ainda por cima, foi objeto nessa época de algumas “intervenções” que, simultaneamente à colocação no altar de tão imponente e rica talha, procuraram “enriquecer” aquela que passava a ser uma velha, nua e pobre imagem.

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Assim, a singularidade da imagem e muito do seu trabalho original, esculpido diretamente na madeira, foi então obscurecido pela colocação sobre a cabeça da imagem de uma cabeleira artificial e de uma auréola de prata, cravejada de pedras preciosas, que ainda hoje não deixam contemplar na globalidade o rosto.

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«Já o “colobium”, ou pano da pureza, também ele esculpido diretamente na madeira da imagem, é hoje observável. Mas só desde há muito pouco tempo. Porque até há bem poucos anos também um saiote em seda, bordado a ouro, supostamente “enriquecia” a imagem, retirando‐lhe a sua autenticidade e riqueza original.

Mas, se num primeiro contacto a imagem não nos parece muito antiga, uma visão mais cuidada e aproximada não nos deixa dúvidas da sua recuada origem. Desde logo o facto dela se encontrar pregada com quatro cravos,

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ou seja, com os dois pés pregados separadamente e não sobrepostos como posteriormente se tornaria habitual neste tipo de representação. Por outro lado, embora o corpo do Cristo de Matosinhos descreva uma ligeira curva sinuosa ao nível das pernas, estamos ainda longe de uma linha pronunciadamente quebrada para dar a ideia das pernas fletidas pela dor ou pelo peso do corpo. Ora, uma das características das primeiras imagens de Cristo crucificado é exatamente o facto de serem representados direitos e hirtos ao longo do madeiro. Neste contexto é de salientar, no Bom Jesus de Matosinhos, a cabeça, bastante inclinada para a direita, sem dúvida um dos mais notáveis pormenores desta imagem.

A antiguidade do Senhor de Matosinhos parece ficar igualmente atestada por estarmos em presença de um Cristo significativamente “pudico”. O saiote cobre totalmente uma das pernas, enquanto a outra descobre apenas meio joelho, para evidenciar as feridas de Jesus. Enfim, uma imagem do tempo “em que toda a nudez será castigada”, bem distante de Cristos posteriores representados sem grandes preocupações com a exposição da nudez do corpo.

E, já que contempla a imagem do Bom Jesus, não deixe o visitante de contemplar as outras imagens que o rodeiam, nomeadamente as dos nossos já conhecidos Nicodemos e José de Arimateia. E não deixe, seguramente, de se surpreender com a imponência da talha dourada do altar‐mor, recentemente restaurada». 

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O ZIMBÓRIO DO SENHOR DO PADRÃO

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O que o Zimbório do Senhor do Padrão tem a ver com o Senhor de Matosinhos?

O "Senhor do Padrão" assinala o local onde, segundo a lenda local, terá dado à costa, no dia 3 de maio do ano 124, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos.

 No lugar onde a imagem foi encontrada, ergueu-se, no séc. XVIII, um zimbório conhecido por vários nomes: “Senhor do Padrão”, “Senhor da Areia” e ainda “Senhor do Espinheiro”, um monumento que ainda hoje pode ser apreciado.

Local certamente assinalado desde épocas remontas foi, no entanto, em data posterior a 1758 que se edificou o atual zimbório, conhecido também por "Senhor da Areia", uma vez que até ao início do século XX este monumento se encontrar totalmente isolado no meio de um vasto areal, possuindo, por isso, um forte impacto visual.

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(Fonte - O senhor de Matosinhos, captura de ecrã, adaptado)

Não obstante o “Senhor do Padrão” ter perdido, na sequência do desenvolvimento dos últimos 100 anos, muito do seu impacto visual, continua a ser uma importante referência para a cidade e para a comunidade piscatória.

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

Com efeito muita da devoção religiosa dos pescadores de Matosinhos e suas famílias materializa-se junto a este monumento, sendo disso exemplo o dia 1 de novembro quando o monumento se vê rodeado por milhares de velas que ardem em memória dos pescadores mortos no mar.

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Na elevada abóbada, guarnecida de oito pirâmides, que termina no seu vértice por uma Cruz, centro eleva-se a Imagem do Senhor Crucificado, sobre um altar revestido de azulejos.

Esta capela foi edificada em honra de um braço humano que se achou na areia naquele lugar, que dizem ter sido muito milagroso. O edifício tem no alto do seu arco virado a nascente uma pedra de armas com as cinco quinas em arranjo crucial.

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Para o seu crescimento e desenvolvimento contribuíram, sem qualquer dúvida, a "(...) importância das atividades ligadas ao mar no quotidiano de Matosinhos e o incremento das viagens de longo curso (...)" que desde a Idade Média se tornaram "(...) um elemento difusor do culto à imagem, a quem todos pediam socorro para os riscos que corria."

De monumentais dimensões, o Padrão do Bom Jesus de Matosinhos é constituído por um grande alpendre que alberga ao centro o cruzeiro.

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O alpendre, que recria o gosto das entradas régias seiscentistas, é composto por quatro arcos de volta perfeita colossais, emoldurados por pilares e rematados no fecho por cartela com coroa. Um frontão semicircular com fogaréu coroa cada uma destas faces.

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A estrutura é fechada por zimbório com lanternim, coberto internamente por reboco pintado, e cujas faces exteriores são revestidas por azulejos.

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

Ao centro, sobre um soco de três degraus, assenta o cruzeiro de braços quadrados, revestido a azulejos policromos numa das faces, em que se representa a imagem de Cristo.

Defronte foi edificada uma mesa de altar, também forrada com painéis de azulejo, simulando tecido. Junto à estrutura do alpendre, num nível mais baixo do terreno, foi erigido um fontanário de espaldar em granito, protegido por guarda de ferro, que recria o modelo estrutural e decorativo do padrão, decorado com azulejos.

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No seu interior ainda se podem admirar nos seus quatro pilares as esculturas dos quatro Evangelistas.

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Esses quatro pilares ou arcos suportam a meio, superiormente o escudo dos primeiros reis de Portugal.

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Descendo dois degraus,

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

encontra-se a fonte milagrosa de água doce, descoberta em 1733, lavrada em cantaria,

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com quatro faces e em cada uma delas uma inscrição latina, tirada dos Santos.

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A ROMARIA (FESTA E FEIRA) DO SENHOR DE MATOSINHOS

É uma das maiores celebrações religiosas do norte de Portugal, com eco por toda a área metropolitana da cidade do Porto.

Celebrada 50 dias após a Páscoa, a Festa do Senhor de Matosinhos é hoje uma das maiores e mais emblemáticas festas populares de Portugal.

Durante vários dias, a cidade transforma-se num espaço de romaria e celebração coletiva, onde a fé e a tradição se cruzam com o espírito festivo e onde não faltam comes e bebes, concertos e até uma bem-dotada feira de artesanato e produtos tradicionais.

Pontos altos da celebração são a noite do fogo-de-artifício monumental e a procissão solene, que percorre as principais artérias da cidade. É o culminar das evocações religiosas, reunindo milhares de fiéis e curiosos, acompanhada por bandas filarmónicas, figurantes e carros alegóricos imersos em flores. Particularmente bela é a tradição dos ramos de flores que adornam os altares da igreja barroca oitocentista (que teve mão do célebre arquiteto italiano Nicolau Nasoni) e os tapetes de pétalas que embelezam o percurso da procissão.

De origem ancestral, esta prática remonta às antigas romarias, quando os devotos cumpriam promessas depositando ex-votos, flores e ramos no templo do Senhor Bom Jesus de Bouças.

***

Não desejávamos acabar este post sem referir os seguintes trabalhos, que vivamente recomendamos, para visualização:

  • O primeiro refere-se ao O senhor de Matosinhos, RTP Memória, Horizontes da Memória, de José Hermano Saraiva

É sempre com enorme prazer que visualizamos os programas de História deste, que foi, um extraordinário comunicador.

Nesta peça podemos nos inteirar sobre: Mapa hidrográfico da região do Douro; O Rio Leça; ponte; águas visivelmente poluídas; fotografias antigas a preto e branco do Rio Leça; comboio de mercadorias atravessa a ponte sobre o Rio Leça; castro de Guifões; escavações arqueológicas; vestígios romanos; fotografias antigas a preto e branco do Estuário do Rio Leça; vista aérea do Estuário do Rio Leça; Leça e Matosinhos; mar revolto; fotografia de rochedos que deram origem ao nome do porto de Leixões; mapa do porto de Leixões; porto de leixões; fotografia antiga do porto de Leixões; traineira entra na barra; fotografia antiga a preto e branco de um barco rabelo; doca; navio de carga entra na barra; rebocador; armazéns circundantes; Referência a Cangonhas, Brasil e às peças em talha esculpidas pelo Aleijadinho, escultor brasileiro de origem portuguesa; fachada da Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos; sala do museu a funcionar; exposição de miniaturas de navios antigos; exposição de cartas com pedidos e promessas dos portugueses que procuraram fortuna no Brasil, dirigidas ao Bom Jesus de Matosinhos e cujas dádivas ajudaram à construção do santuário; cartas de amor; pintura representando os sobreviventes do naufrágio da corveta Cabo da Boa Esperança; quadro com figuras da sociedade brasileira, entre as quais um descendente do falecido advogado Salgado Zenha; pintura representando um casal idoso emigrantes no Brasil; fachada da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos; interior; capela-mor; pormenores do altar e do teto; via-sacra em talha; Jesus Cristo crucificado, em talha.

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(Fonte: - O senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

  • Bom Jesus de Matosinhos: "a mais antiga imagem existente em Portugal de um Cristo crucificado ainda objeto de devoção", Joel Cleto, Porto Canal

No interior da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, Joel Cleto conta que as festas do Senhor de Matosinhos são das "maiores romarias do nosso país" e também das mais devotas. Conta que "a igreja atual data do século XVI" mas que antes deste templo existia outro localizado no lugar de Bouças e como tal, "durante muito tempo esta imagem era conhecida como o Senhor de Bouças". O historiador afirma ainda que a imagem do Bom Jesus de Matosinhos é "a mais antiga imagem existente em Portugal de um Cristo crucificado ainda objeto de devoção".

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Começa pela Romaria do Bom Jesus de Matosinhos; fala do Mosteiro de Bouças e da cruz do Cristo crucificado; do Jardim Basílio Teles; do mercado de gado, agora espaço da feira da loiça da Romaria de O Senhor de Matosinhos; do edifício da Câmara municipal de Matosinhos e do trabalho de Cutileiro na sua fachada, onde nos aparece o cavaleiro Cayo Carpo, abordando-nos o Caminho de Santiago que por aqui passa; fala-nos ainda como surgiu a imagem de O Senhor de Matosinhos, na praia de Matosinhos; do Zimbório de O Senhor do Padrão; do 3 de maio de 124, dia da Santa Cruz; do Parque de Diversões 25 de Abril (1996 e 2016) e do extenso painel de azulejos, da autoria de José Emídio, que nos relata os mais importantes episódios históricos e lendários de Matosinhos; da história da Igreja de Matosinhos, uma das melhores peças, senão a melhor, peça barroca portuguesa; do papel dos emigrantes brasileiros «torna-viagens» na Igreja de O Senhor de Matosinhos; do trabalho nas árvores dos alunos da Misericórdia de Matosinhos;

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

fala-nos da origem da Feira de O Senhor de Matosinhos;

Aqui se fala de: Igreja do Bom Jesus de Matosinhos; da doação à Universidade de Coimbra; de João de Ruão e Tomé Velho; do retábulo; de Nicolau Nasoni; da fachada; da talha-dourada; da imagem do Bom Jesus; do retábulo e do órgão de Michael Hensberg.

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(Fonte: - Nos Caminhos da História - As árvores no Senhor de Matosinhos, captura de ecrã)

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Mosteiro cisterciense do Divino Salvador, de Ferrreira de Pantón - Ribeira Sacra | Lugo

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RIBEIRA SACRA | LUGO

MOSTEIRO CISTERCIENSE DO DIVINO SALVADOR, DE FERREIRA DE PANTÓN

(2012)

01.- Captura de ecrã 2025-09-28 215527

(Fonte:- Council of Pantón [Romanesque – Pantón])

Este Mosteiro é também conhecido como Mosteiro das Irmãs Bernardas, Mosteiro de São Salvador ou Mosteiro de Santa Maria, de Ferreira de Pantón.

Diz-nos Lúcia Blanco – À descoberta do património: o Mosteiro de Santa Maria de Ferreira de Pantón que visitar o único mosteiro de Ribeira Sacra que ainda preserva a sua vida religiosa «significa aproximar-se da própria histórias da arquitetura, pois, apesar de ter sido construído e renovado em diferentes fases, ainda conserva elementos de diferentes estilos arquitetónicos que marcam a beleza desta joia patrimonial».

O Mosteiro foi fundado no século X, como mosteiro dúplice (para homens e mulheres), pertencente à comunidade beneditina (Regra de São Bento), mas, posteriormente, passou para a Ordem Cisterciense de Castela, no século XII (ano 1175).

Vejamos o Mosteiro enquadrado no seu entorno.

02.-Captura de ecrã 2025-09-28 215718

Como podemos verificar, o Mosteiro é cercado por um muro ou muralha.

Repartem no seu portal.

É ladeado por duas torres cilíndricas. No cimo de uma (a da esquerda), exibe-se uma escultura de São Salvador; na outra (a da direita), o brasão da Congregação de Castela; ao centro, uma cruz e o escudo de Cister (?).

A fachada do Mosteiro foi construída no século XVIII. Apesar do seu estilo barroco, nela se observa a simplicidade, de acordo com os princípios cistercienses.

04.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 033

Um pormenor da porta de entrada.

05.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 034

Encima a porta da entrada um escudo bem chamativo.

06.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 035

E não há dúvidas quanto aos anos de construção deste edifício – 1728 e 1791, respetivamente.

07.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 027

Vejamos agora uma perspetiva de parte do Mosteiro,

08.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 031

onde nos aparece a Hospedaria do Mosteiro.

10.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 028

Trata-se de uma hospedaria monástica com uma Escola de Oração.

Transcrevamos uma passagem das Irmãs Bernardas quanto a esta hospedaria e à sua Escola de Oração «que te ajudará a descobrir o silêncio, a oração, a meditação, a fraternidade, a liturgia, e uma luz no teu caminho que se chama A PALAVRA».

Este Mosteiro tem apenas um claustro.

10A.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 042

É do século XVI, renascentista. Se repararmos bem, o primeiro corpo do claustro é de pedra, mas o segundo é de madeira, conforme imagem que se mostra abaixo.

10B.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 040

Tem arcos de meio ponto. Numa das laterais do claustro está enterrada a viúva do conde de Monterroso, a condessa D. Fronilde, que ingressou no Mosteiro, como irmã, renunciando aos títulos. Foi a artífice da anexação do Mosteiro à Ordem de Cister, em 1175. Enterraram-na sem qualquer tipo de inscrição, pelo que, durante muitos anos, não se soube onde tinha sido enterrada.

E, agora, vamos até à Igreja românica do Mosteiro do Divino Salvador.

11.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 012

Forma ângulo reto com a fachada do Mosteiro. Foi construída antes do Mosteiro. É a única parte que subsiste ao cenóbio primitivo.

Positivamente esta Igreja é um exemplar românico mais interessante da Ribeira Sacra.

É um templo de nave retangular que acaba numa abside semicircular.

12.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 026

Repare-se nos cachorros desta abside. E atentemo-nos nos seus vão (janelas pequenas) com elementos zoomórficos e vegetais.

13.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 023

(Vão I)

14.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 022

(Vão II)

Bem assim com estes pormenores dos capitéis.

15.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 018

(Pormenor I)

16.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 021

(Pormenor II)

17.- Ferreira-05

(Pormenor III)

18.- Ferreira-08

(Pormenor IV)

Dirijamo-nos agora à capela-mor.

19.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 043

Naturalmente que se parece com outras igrejas românicas. Tem, contudo, um pormenor. Nela repousam os restos mortais de Diego de Lemos e de seu filho.

20.- Captura de ecrã 2025-09-28 214754

Procuremos saber quem foi Diego de Lemos.

E da revolta (ou revolução) irmandina.

A grande revolta (ou revolução) irmandina, iniciada na primavera de 1467, é um tema recorrente na historiografia galega.

Os efeitos negativos da peste e os maus anos agrícolas situados ao redor de 1456 e 1457 foram extraordinariamente difíceis para a Galiza daquele tempo, gerando uma série de conflitos e confrontos internos da nobreza, caracterizando a história galega de quatrocentos.

Carlos Barros, em  - Vivir sen señores. A conciencia antiseñorial na Baixa Idade Media galega, Universidade de Santiago de Compostela diz-nos que «na primavera insurrecional de 1467, já se tinha verificado a fusão da mentalidade de justiça geral com a consciência anti-senior dos dependentes: quando o discurso textual é a denúncia geral das queixas, os camponeses costumam acrescentar as rendas senhoriais aos males e prejuízos que a terra "nem sequer podia suportar"; quando o tema apresentado é abertamente a revisão dos impostos, os vassalos desqualificam-nas, dizendo que se trata de imposições novas e forçadas, ou seja, rendimentos contra a lei. Ao longo do século XV, as rendas e as queixas, os usos e os abusos, tornam-se indissociáveis, até mesmo intercambiáveis, no reino da Galiza: os abusos tornam-se usos, e os usos acabam por ser vistos como abusos».

Os vassalos da Galiza regressam ao regime de vassalagem, por volta de 1469, quer pela força, quer através de um acordo com o seu antigo senhor, mas nada será como antes. Mesmo aqueles que fizeram grandes concessões, como o Arcebispo Fonseca, ao celebrar um acordo com os revoltosos, terão sérias dificuldades em restabelecer a mentalidade vassálica.

Continua aquele autor: «O carácter abstrato e genérico do adversário social conduz à perceção consciente de uma classe senhorial na Galiza, que perde na prática – não tanto legalmente – o poder sobre os vassalos, entre 1467 e 1469».

E conclui: «Sem estudar tudo o que há de paixão, utopia, involuntário e inconsciente na rebelião, não podemos aspirar a compreender plenamente os acontecimentos de 1467-1469».

Por outro lado, Eduardo Prado de Guevara y Valdés, em -  A rebelion irmandiña de 1467. Conexións, feitos e documentos , escreve: À frente destas colunas, desde o início, encontravam-se algumas personagens de um certo credo, bem como muitos outros cavaleiros e nobres, para além de não poucas personagens conhecidas das aristocracias urbanas, cujos nomes foram registados nas fontes: Pedro Arias Aldao, Lope Pérez Mariño, Fernando de Romay, Álvaro de Angueira, Lope Pérez de Mendoza, Fernando Díaz Teixeiro, Sueiro Noguerol, Álvaro López de la Herrería, Lope da Somoza... No entanto, em muito pouco tempo, três deles alcançaram fama, chegando a ser reconhecidos como os líderes mais visíveis do movimento: o primeiro foi Alonso de Lanzós, que atuaria na área de Betanzos e no bispado de Mondoñedo, o segundo foi Pedro Osorio, que o faria na área de Compostela, e o terceiro foi Diego de Lemos, (negrito nosso) que atuaria nas terras do sul de Lugo e em Ourense. Nestes três casos, é fácil adivinhar que a razão da sua participação na revolta estava sobretudo nos seus rancores e desejos de vingança particulares, que naturalmente não se podem estender à generalidade dos cavaleiros e dos nobres que alinharam na revolta».

Positivamente, a rebelião ou revolução irmandina provocou uma verdadeira rutura da mentalidade vassálica, levando, com os Reis Católicos (Isabel e Fernando), ao aparecimento do Estado Central, contra os senhores feudais.

E não se pense, pelo que indagámos, que os nobres que entraram nesta contenda o fizeram com verdadeiro espírito irmandino: tinham contas a ajustar entre eles.

Verdadeiro irmandino foi o escrivão Juan Blanco, de Betanzos, o verdadeiro capitão da Irmandade.

21.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 052

(Sepulcro de Diego de Lemos)

23.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 074

(Pormenor da cabeceira)

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(Brasões da família Diego de Lemos)

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(Sepulcro do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

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(Pormenor I da cabeceira do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

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(Pormenor II da cabeceira do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

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(Coro)

O que muito apreciamos nesta Igreja são os seus capitéis com decorações vegetais e zoomórficas, contando uma história.

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(Pormenor I)

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(Pormenor II)

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(Pormenor III)

Não nos podemos despedir do Mosteiro de Ferreira de Pantón sem comprarmos os doces do Convento, feitos pelas monjas, proveniente de uma receitas já de séculos. Há que ir à loja e comprá-los. Sempre se dá uma ajuda para o Mosteiro. São bons, mesmo. Não fossem as monjas especialistas em doces.

Dizem que a Virgem com o Menino está na loja do Mosteiro, onde se vendem os doces. Quando restauraram este espaço deram com uns frescos – duas caras de guerreiros. Na altura que fizemos a visita – e já lá vai 2012 – não vimos este fresco, pois. Nem tão pouco a imagem da Virgem e o Menino, do século XII, princípios do século XIII. A que está na Igreja, na capela-mor, a Virgem com o Menino, em majestade, é de 1913, conforme inscrição no seu suporte.

34.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 048

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Out25

O Cruzeiro de Hío - O Cristo da Luz (A descida da Cruz) - Cangas do Morrazo | Galiza

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O CRUZEIRO DE HÍO

O CRISTO DA LUZ 

(A DESCIDA DE JESUS DA CRUZ)

CANGAS DO MORRAZO | GALIZA

- 09.outubro.2025 -

01.- 2025.- Cruzeiro de Hío (11)

Tínhamos combinado com o amigo Pablo Serrano que, de 9 a 10 de outubro do corrente mês, iríamos percorrer alguns pontos do território da península de Morrazo, na Galiza. Acompanhava-nos o nosso sempre companheiro de caminhadas, Florens.

Ficou decidido que, logo ao chegarmos, dirigíamo-nos até Hío, para ver o seu muito famoso cruzeiro, em frente à igreja de Santo André, do século XII; depois, até Donón, para fazermos uma caminhada pelos três faróis do Cabo Home; almoçávamos num restaurante de Donón, apreciando o peixe e o marisco, uma vez que estamos na época do festival do marisco; e assentávamos arraias na hospedaria do Mosteiro de São João de Poio. No Mosteiro de São João de Poio víamos a  sua Igreja e o Mosteiro; daqui, após uma pequena sesta, e completando o dia, no fim da tarde, dávamos uma passeio, deslocando-nos até Combarro para ver os seus tão falados cruzeiros e os seus espigueiros (hórreos).

Isto, para o nosso primeiro dia. No segundo, íamos até à Ilha Arousa, de manhã e, à tarde, deslocávamo-nos a Cambados, onde almoçaríamos e, depois, fazíamos uma pequena visita à capital do vinho Alvarinho.

O programa foi todo cumprido. Infelizmente, por questões de saúde, Pablo não nos pode acompanhar. Fomos apenas os dois – nós e Florens.

Como se disse, a nossa primeira pausa, vindos de Vila Real e Chaves, foi em Hío para ver e apreciar o seu maravilhoso cruzeiro.

Tudo quanto aqui se vai escrever sobre este tema do cruzeiro, fomos bebê-lo ao texto - Cruceiro de Hío, de Fernando Graña Monroy.

Falemos, pois, sobre este tema, se bem que também se aconselha a leitura dos seguintes artigos e respetivos autores, entre outros:

Para uma melhor visualização da base e da cruz deste cruzeiro, ver:

Santo André de Hío é uma das paróquias que compõem o concelho de Cangas; pertence ao arciprestado de O Morrazo e à diocese de Santiago. É limitada a norte e a oeste pelo Oceano Atlântico, a sul pela ria de Vigo e a leste pelas paróquias de Aldán e Darbo, ambas pertencentes ao concelho de Cangas.

É uma freguesia totalmente costeira, com inúmeras praias de areia, como Liméns, Barra, Areabrava, entre outras.

A Igreja oferece uma bela vista panorâmica do estuário do Aldán.

02.- 2025.- Cruzeiro de Hío (47)

Nas suas imediações, uma escultura representando a gaita de foles.

03.- 2025.- Cruzeiro de Hío (3)

O famoso "Cruceiro de Hío", obra do século XIX, destaca-se no seu átrio,

04.-. 2025.- Cruzeiro de Hío (48)

defronte para a Igreja de Santo André, do século XII.

05.- 2025.- Cruzeiro de Hío (7)

Também próximo da igreja encontra-se a Residência Paroquial, um impressionante edifício palaciano que conserva interessantes anexos, incluindo o antigo pombal ou lavadouro.

Com a ajuda o Google Maps, localizemos, em Cangas do Morrazo, o Cruzeiro de Hío.

07.- 2025-10-14 13140

Vejamos a localização do Cruzeiro, Igreja e Residência Paroquial no seu entorno.

09.- Captura de ecrã 2025-10-14 133234

Bem assim o pombal da Residência Paroquial (Casa Rectoral).

08.- Captura de ecrã 2025-10-14 133153

 

O CRUZEIRO DE HÍO

No adro da igreja paroquial de Hio encontra-se o complexo monumental composto pelo Cruzeiro.

10.- 2025.- Cruzeiro de Hío (8)

Estamos, sem dúvida, perante o monumento popular mais importante de toda a Galiza. Foi obra do mestre Inácio Cerviño, se bem que outros a atribuem ao mestre José Cerviño; todavia, a mais recente investigação, atribui a obra a Inácio.

Sabemos a data da sua construção, graças ao pequeno anjo no topo de uma coluna ao seu lado. O pergaminho que segura diz: "Esmola ao Santíssimo Cristo da Luz 1872". Esta foi a data em que o Cruzeiro foi inaugurado para celebrar a festa de Cristo.

11.- 2025.- Cruzeiro de Hío (26)

Um pormenor do pequeno anjo.

12.- MG_1411(C)_Xaime_Cortizo_0

O Cruzeiro ergue-se do solo com uma escadaria octogonal de três degraus,

13.- cruceiro

seguida de um altar sobre o qual assenta a estrutura principal da obra, composta por base, fuste e cruz.

14.- maxresdefault

Cada um destes é feito de uma única pedra.

A base é composta por quatro nichos, orientados para os pontos cardeais. O da face sul mostra Eva a ser tentada com a maçã pela serpente.

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 Neste caso, pode ser interpretado como um princípio e um fim, pois se a cruz começa com o Pecado Original, termina, no topo, com a redenção desse pecado, através da morte do Filho de Deus na cruz.

O nicho virado a oeste é conjunto ao anterior e representa Adão no Paraíso.

16.- 2025.- Cruzeiro de Hío (29)

De seguida, vemos a cena em que Jesus, depois de morrer na cruz, vai ao Limbo buscar os Justos e conduzi-los ao Céu.

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Neste ponto, devemos prestar atenção à forma cinzelada das portas do Limbo. Olhando em direção à igreja, encontramos o quarto nicho,

18.- 2025.- Cruzeiro de Hío (9)

que representa a Virgem do Carmo como a redentora das almas do Purgatório. Se olharmos com atenção, a figura a quem ela estende a mão está a usar um barrete sacerdotal.

A parte inferior do fuste ostenta uma inscrição com um nome, que bem poderia ser o do Arcebispo de Santiago, e por baixo dela estão algumas letras, não legíveis para nós, que dizem: "concedeu cem dias de indulgência".

19.-g_vigoenfotos_3058e

O Arcebispo da época concedia cem dias de suave indulgência a quem recitasse um credo em frente do cruzeiro.

Subindo a coluna, encontramos Adão e Eva no momento da sua expulsão do Paraíso.

20.- Cruceiro-do-Hio-1200x900

É aconselhável observar estas imagens de perfil, pois estão presas à coluna vertebral apenas pelos pés. Assim, percebemos a qualidade da escultura dos corpos de ambas as figuras.

Acima do grupo anterior, está a Virgem Imaculada a derrotar a serpente,

21.- 2025.- Cruzeiro de Hío (10)

que personifica o mal. Esta devoção é representada com os seus símbolos habituais, feitos neste caso de metal: uma lua crescente e uma coroa com doze estrelas.

No topo, vemos o Arcanjo Rafael a segurar uma criança pela mão,

22.- 2025.- Cruzeiro de Hío (20)

representando a inocência salva do mal.

Do outro lado, vemos o Arcanjo Miguel,

20251009_085419271_iOS

que, como é habitual, é simbolizado a lutar contra o Diabo.

Finalmente, abaixo do suporte que sustenta o conjunto final, encontram-se os quatro anjos que sustentam a cidade santa de Jerusalém.

24.- 2025.- Cruzeiro de Hío (15)

No topo da cruz, está representada a descida de Cristo da cruz.

25.- 2025.- Cruzeiro de Hío (25)

Esta é a parte mais importante do conjunto. De salientar como foi moldada aquela única rocha granítica trazida da região de Liméns. É importante parar para contemplar os detalhes das vestes e as proporções dos corpos, mas o aspeto mais importante é a expressão que o artista conseguiu dar às suas figuras.

Descrevendo a cena, vemos que Jesus está a ser descido da cruz por José de Arimateia e Nicodemos.

26.- 2025.- Cruzeiro de Hío (41)

Em baixo, São João segura-lhe os pés, enquanto Maria Madalena coloca as mãos sobre a cabeça e a Virgem Maria se ajoelha, olhando para as suas mãos, que presumimos que seguravam a coroa de espinhos.

27.- cruceiro-hio

A cena é completada por dois querubins que seguram os pregos e o INRI.

28.- Captura de ecrã 2025-10-14 135906

(Fonte: - Cruz do Hío, Patrimonio galego)

Apresenta-se mais um enquadramento final da cruz.

29.- 2025.- Cruzeiro de Hío (43)

 

A IGREJA DE HÍO

Encontrava-se fechada. Só podemos ver o seu exterior. De acordo com o autor que vimos citando, na igreja, em forma de cruz latina, existem duas partes distintas. A primeira, datada do século XII, é de estilo românico. Caracteriza-se pelas arquivoltas típicas da entrada, cujo tímpano apresenta um motivo cruciforme, claramente alusivo à forma da cruz onde faleceu Santo André, padroeiro da freguesia. Outra característica deste estilo é a decoração da cornija da igreja. Estas mísulas representam formas animais e vegetais e indicam a extensão da construção original; a cornija da extensão não possui estes elementos.

A segunda parte data de 1788 e estende-se desde o braço curto até à cabeceira. Podemos observar a diferença de estilo nas janelas: as da parte antiga são de vão, enquanto as restantes são grandes e retangulares.

Os contrafortes que se observam no exterior da igreja resultam da substituição do antigo telhado de madeira por um de pedra, o que obrigou ao reforço de toda a estrutura.

30.- 2025.- Cruzeiro de Hío (36)

Junto a um destes contrafortes, no lado norte, podemos ainda ver a antiga porta lateral do edifício românico, hoje murada e sobre a qual se conta uma belíssima lenda relacionada com o ciúme.

No seu interior, destacamos especialmente o seu altar-mor, construído integralmente em pedra policromada. Nele se encontram as figuras de Santo André, Santa Luzia, São José e São Roque.

No exterior. O exterior oferece uma ornamentação cuidada baseada em hastes planas e estilizadas, que se cruzam no topo e na extremidade, como as suas congéneres opostas, em espiral. As bases, bastante erodidas, são áticas, com um touro volumoso e garras nos cantos. O tímpano,

31.- 2025.- Cruzeiro de Hío (32)

decorado em relevo, assenta sobre duas ombreiras em forma de nave. A composição é centralizada por uma cruz em forma de X, uma clara alusão ao santo padroeiro do templo, ladeada por duas pequenas figuras humanas vestidas com túnicas curtas. Por cima da porta,

32.- 2025.- Cruzeiro de Hío (33)

encontra-se um nicho moderno que alberga uma imagem de Santo André, sobreposta a uma antiga janela inclinada. As fachadas laterais ostentam contrafortes, entre os quais se abrem as seteiras originais. Três conservam-se no lado norte, enquanto no lado sul, devido à colocação de uma porta com decoração barroca, apenas restam dois. Ambas as fachadas apresentam um interessante conjunto de mísulas com temas diversos e grande apelo artístico sob os seus beirais, que se encontram geralmente em bom estado de conservação.

Na zona este da igreja, podemos ver esta imagem esculpida.

33.- 025.- Cruzeiro de Hío (34)

Apreciemos o seu pormenor.

34.-

 

RESIDÊNCIA PAROQUIAL

Não se encontrou informação sobre a sua data de construção, mas o seu estilo sugere que se situa entre os séculos XVII e XVIII. É um exemplo claro das casas de campo onde viveram os nobres senhores, proprietários das terras em séculos passados. Na casa principal, destacamos a varanda em pedra numa das suas fachadas.

O acesso aos jardins é permitido. Ao entrar, notaremos que é presidido por uma figura com o mesmo rosto de São João encontrado no batistério da antiga Colegiada de Cangas.

35.- 2025.- Cruzeiro de Hío (6)

Isto porque foram interpretadas pelo mesmo artista, Ignacio Cerviño. Uma vez lá dentro, veremos um belo relógio de sol que estava originalmente colocado num dos lados da fachada da igreja. À esquerda, alguns restos de sarcófagos difíceis de datar. Um pouco mais adiante, encontramos uma magnífica fonte encomendada pelo Conde de Aldán, segundo a lenda latina nas suas paredes. Outros elementos interessantes incluem o celeiro e o pombal. Este último foi recentemente restaurado, pelo que recomendamos a sua visita através das videiras de Albariño localizadas no pomar.

 

COMENTÁRIO SOBRE O AUTOR DO CRUZEIRO, SEGUNDO FERNANDO GRAÑA MONROY

Ignacio Cerviño nasceu em Águas Santas, no município de Cotobade. Foi pedreiro desde muito jovem, como era comum na sua cidade natal, onde muitas pessoas se dedicavam tradicionalmente a este ofício. Durante a sua estadia nas nossas terras, viveu em Hío e Cangas. Durante este período, este pedreiro com alma de escultor deixou uma obra que todos podemos admirar hoje.

Entre as suas obras notáveis ​​estão: o Cruzeiro de Hío; o mausoléu localizado no átrio da Igreja de Aldán; o Panteão de Ranqueta, localizado no cemitério de Cangas; as estátuas encomendadas para a procissão do Santo Encontro pela Irmandade da Misericórdia (o Nazareno, São João, Maria Madalena, as Marias, etc.); a Descida de Cristo; a Mesa dos Apóstolos; e outras obras cuja autoria não se sabe ao certo.

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