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18
Out25

Mosteiro cisterciense do Divino Salvador, de Ferrreira de Pantón - Ribeira Sacra | Lugo

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RIBEIRA SACRA | LUGO

MOSTEIRO CISTERCIENSE DO DIVINO SALVADOR, DE FERREIRA DE PANTÓN

(2012)

01.- Captura de ecrã 2025-09-28 215527

(Fonte:- Council of Pantón [Romanesque – Pantón])

Este Mosteiro é também conhecido como Mosteiro das Irmãs Bernardas, Mosteiro de São Salvador ou Mosteiro de Santa Maria, de Ferreira de Pantón.

Diz-nos Lúcia Blanco – À descoberta do património: o Mosteiro de Santa Maria de Ferreira de Pantón que visitar o único mosteiro de Ribeira Sacra que ainda preserva a sua vida religiosa «significa aproximar-se da própria histórias da arquitetura, pois, apesar de ter sido construído e renovado em diferentes fases, ainda conserva elementos de diferentes estilos arquitetónicos que marcam a beleza desta joia patrimonial».

O Mosteiro foi fundado no século X, como mosteiro dúplice (para homens e mulheres), pertencente à comunidade beneditina (Regra de São Bento), mas, posteriormente, passou para a Ordem Cisterciense de Castela, no século XII (ano 1175).

Vejamos o Mosteiro enquadrado no seu entorno.

02.-Captura de ecrã 2025-09-28 215718

Como podemos verificar, o Mosteiro é cercado por um muro ou muralha.

Repartem no seu portal.

É ladeado por duas torres cilíndricas. No cimo de uma (a da esquerda), exibe-se uma escultura de São Salvador; na outra (a da direita), o brasão da Congregação de Castela; ao centro, uma cruz e o escudo de Cister (?).

A fachada do Mosteiro foi construída no século XVIII. Apesar do seu estilo barroco, nela se observa a simplicidade, de acordo com os princípios cistercienses.

04.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 033

Um pormenor da porta de entrada.

05.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 034

Encima a porta da entrada um escudo bem chamativo.

06.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 035

E não há dúvidas quanto aos anos de construção deste edifício – 1728 e 1791, respetivamente.

07.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 027

Vejamos agora uma perspetiva de parte do Mosteiro,

08.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 031

onde nos aparece a Hospedaria do Mosteiro.

10.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 028

Trata-se de uma hospedaria monástica com uma Escola de Oração.

Transcrevamos uma passagem das Irmãs Bernardas quanto a esta hospedaria e à sua Escola de Oração «que te ajudará a descobrir o silêncio, a oração, a meditação, a fraternidade, a liturgia, e uma luz no teu caminho que se chama A PALAVRA».

Este Mosteiro tem apenas um claustro.

10A.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 042

É do século XVI, renascentista. Se repararmos bem, o primeiro corpo do claustro é de pedra, mas o segundo é de madeira, conforme imagem que se mostra abaixo.

10B.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 040

Tem arcos de meio ponto. Numa das laterais do claustro está enterrada a viúva do conde de Monterroso, a condessa D. Fronilde, que ingressou no Mosteiro, como irmã, renunciando aos títulos. Foi a artífice da anexação do Mosteiro à Ordem de Cister, em 1175. Enterraram-na sem qualquer tipo de inscrição, pelo que, durante muitos anos, não se soube onde tinha sido enterrada.

E, agora, vamos até à Igreja românica do Mosteiro do Divino Salvador.

11.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 012

Forma ângulo reto com a fachada do Mosteiro. Foi construída antes do Mosteiro. É a única parte que subsiste ao cenóbio primitivo.

Positivamente esta Igreja é um exemplar românico mais interessante da Ribeira Sacra.

É um templo de nave retangular que acaba numa abside semicircular.

12.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 026

Repare-se nos cachorros desta abside. E atentemo-nos nos seus vão (janelas pequenas) com elementos zoomórficos e vegetais.

13.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 023

(Vão I)

14.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 022

(Vão II)

Bem assim com estes pormenores dos capitéis.

15.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 018

(Pormenor I)

16.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 021

(Pormenor II)

17.- Ferreira-05

(Pormenor III)

18.- Ferreira-08

(Pormenor IV)

Dirijamo-nos agora à capela-mor.

19.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 043

Naturalmente que se parece com outras igrejas românicas. Tem, contudo, um pormenor. Nela repousam os restos mortais de Diego de Lemos e de seu filho.

20.- Captura de ecrã 2025-09-28 214754

Procuremos saber quem foi Diego de Lemos.

E da revolta (ou revolução) irmandina.

A grande revolta (ou revolução) irmandina, iniciada na primavera de 1467, é um tema recorrente na historiografia galega.

Os efeitos negativos da peste e os maus anos agrícolas situados ao redor de 1456 e 1457 foram extraordinariamente difíceis para a Galiza daquele tempo, gerando uma série de conflitos e confrontos internos da nobreza, caracterizando a história galega de quatrocentos.

Carlos Barros, em  - Vivir sen señores. A conciencia antiseñorial na Baixa Idade Media galega, Universidade de Santiago de Compostela diz-nos que «na primavera insurrecional de 1467, já se tinha verificado a fusão da mentalidade de justiça geral com a consciência anti-senior dos dependentes: quando o discurso textual é a denúncia geral das queixas, os camponeses costumam acrescentar as rendas senhoriais aos males e prejuízos que a terra "nem sequer podia suportar"; quando o tema apresentado é abertamente a revisão dos impostos, os vassalos desqualificam-nas, dizendo que se trata de imposições novas e forçadas, ou seja, rendimentos contra a lei. Ao longo do século XV, as rendas e as queixas, os usos e os abusos, tornam-se indissociáveis, até mesmo intercambiáveis, no reino da Galiza: os abusos tornam-se usos, e os usos acabam por ser vistos como abusos».

Os vassalos da Galiza regressam ao regime de vassalagem, por volta de 1469, quer pela força, quer através de um acordo com o seu antigo senhor, mas nada será como antes. Mesmo aqueles que fizeram grandes concessões, como o Arcebispo Fonseca, ao celebrar um acordo com os revoltosos, terão sérias dificuldades em restabelecer a mentalidade vassálica.

Continua aquele autor: «O carácter abstrato e genérico do adversário social conduz à perceção consciente de uma classe senhorial na Galiza, que perde na prática – não tanto legalmente – o poder sobre os vassalos, entre 1467 e 1469».

E conclui: «Sem estudar tudo o que há de paixão, utopia, involuntário e inconsciente na rebelião, não podemos aspirar a compreender plenamente os acontecimentos de 1467-1469».

Por outro lado, Eduardo Prado de Guevara y Valdés, em -  A rebelion irmandiña de 1467. Conexións, feitos e documentos , escreve: À frente destas colunas, desde o início, encontravam-se algumas personagens de um certo credo, bem como muitos outros cavaleiros e nobres, para além de não poucas personagens conhecidas das aristocracias urbanas, cujos nomes foram registados nas fontes: Pedro Arias Aldao, Lope Pérez Mariño, Fernando de Romay, Álvaro de Angueira, Lope Pérez de Mendoza, Fernando Díaz Teixeiro, Sueiro Noguerol, Álvaro López de la Herrería, Lope da Somoza... No entanto, em muito pouco tempo, três deles alcançaram fama, chegando a ser reconhecidos como os líderes mais visíveis do movimento: o primeiro foi Alonso de Lanzós, que atuaria na área de Betanzos e no bispado de Mondoñedo, o segundo foi Pedro Osorio, que o faria na área de Compostela, e o terceiro foi Diego de Lemos, (negrito nosso) que atuaria nas terras do sul de Lugo e em Ourense. Nestes três casos, é fácil adivinhar que a razão da sua participação na revolta estava sobretudo nos seus rancores e desejos de vingança particulares, que naturalmente não se podem estender à generalidade dos cavaleiros e dos nobres que alinharam na revolta».

Positivamente, a rebelião ou revolução irmandina provocou uma verdadeira rutura da mentalidade vassálica, levando, com os Reis Católicos (Isabel e Fernando), ao aparecimento do Estado Central, contra os senhores feudais.

E não se pense, pelo que indagámos, que os nobres que entraram nesta contenda o fizeram com verdadeiro espírito irmandino: tinham contas a ajustar entre eles.

Verdadeiro irmandino foi o escrivão Juan Blanco, de Betanzos, o verdadeiro capitão da Irmandade.

21.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 052

(Sepulcro de Diego de Lemos)

23.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 074

(Pormenor da cabeceira)

24.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 073

(Brasões da família Diego de Lemos)

22.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 055

(Sepulcro do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

25.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 072

(Pormenor I da cabeceira do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

26.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 070

(Pormenor II da cabeceira do filho de Diego de Lemos, Lope de Lemos, século XVI)

27.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 051

(Coro)

O que muito apreciamos nesta Igreja são os seus capitéis com decorações vegetais e zoomórficas, contando uma história.

30.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 058

(Pormenor I)

31.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 059

(Pormenor II)

32.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 060

(Pormenor III)

Não nos podemos despedir do Mosteiro de Ferreira de Pantón sem comprarmos os doces do Convento, feitos pelas monjas, proveniente de uma receitas já de séculos. Há que ir à loja e comprá-los. Sempre se dá uma ajuda para o Mosteiro. São bons, mesmo. Não fossem as monjas especialistas em doces.

Dizem que a Virgem com o Menino está na loja do Mosteiro, onde se vendem os doces. Quando restauraram este espaço deram com uns frescos – duas caras de guerreiros. Na altura que fizemos a visita – e já lá vai 2012 – não vimos este fresco, pois. Nem tão pouco a imagem da Virgem e o Menino, do século XII, princípios do século XIII. A que está na Igreja, na capela-mor, a Virgem com o Menino, em majestade, é de 1913, conforme inscrição no seu suporte.

34.- 2012 - Ribeira Sacra (Mosteiro de Ferreira de Pantón) 048

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